Chão de poeira dissentida


De que te ris tu ó Mar?
Tu, ó Marasmo de profundos
que te julgas ileso à lâmina dos meus versos.
Esventras num grito ilhas deturpadas por musas ausentes!

De que te queixas tu ó Sol?
Tu, ó Serpente de mil fogos que indagas frio
na lápide das sombras, onde sou cacto de tristeza.
Degolas infernos poéticos num arrepio de palavras mortas!

Porque choras tu ó Lua?
Tu, ó Vaidosa nua que de mim levas
o sorriso rasgado por trevas, que te fazem mulher.
Eclipse de olhar crucificado no luar a meus pés de areia!

Cala-te tu ó Alma!
Tu, ó Vadia sonâmbula
que o silêncio trazes cantado nas mãos
da ilusão que só tu sentes ó Egoísta parábola dos dias!

Que me pedes tu ó Corpo?
Tu, ó Estúpido que a noite soas pesadelo
a cada esquina da voz, que te antecede lento
desejo da carne expulsa da tua poesia algures sem eco!

Para onde me levas tu ó Vento?
Tu, ó Carrasco das névoas do tempo,
que me falas ao rosto vendavais de pedra.
Esculpida nas minhas infames lágrimas de amor!

Quão morres tu ó Eu?
Tu, ó Cardápio das correntes do rio.
Afoga os fôlegos loucos do chão de poeira dissentida!

 

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Domingo, Mayo 15, 2011 - 19:01

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Henrique

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