Soneto (Alberto da Costa e Silva)

Uma ausência de mim por mim se afirma.

E, partindo de mim, na sombra sobre

chão que não foi meu, na relva simples

outro ser que sonhei se deita e cisma.

 

Sonhei-o ou me sonhei? Sonhou-me o outro

— e o mundo a circundar-me, o ar, as flores,

os bichos sob o sol, a chuva e tudo-

ou foi o sonho dos demais que sonho?

 

A epiderme da vida me vestiu,

ou breve imaginar de um ócio inútil

ergueu da sombra a minha carne, ou sou

 

um casulo de tempo, o centro e o sopro

da cisma do outro ser que de mim fala

e que, sonhando o mundo, em mim se acaba.

 

Alberto da Costa e Silva, poeta.

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Martes, Mayo 17, 2011 - 21:06

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