Arte de amar (Thiago de Mello)

Não faço poemas como quem chora,

nem faço versos como quem morre.

Quem teve esse gosto foi o bardo Bandeira

quando muito moço; achava que tinha

os dias contados pela tísica

e até se acanhava de namorar.

 

Faço poemas como quem faz amor.

É a mesma luta suave e desvairada

enquanto a rosa orvalhada

se vai entreabrindo devagar.

A gente nem se dá conta, até acha bom,

o imenso trabalho que amor dá para fazer.

 

Perdão, amor não se faz.

Quando muito, se desfaz.

Fazer amor é um dizer

(a metáfora é falaz)

de quem pretende vestir

com roupa austera a beleza

do corpo da primavera.

O verbo exato é foder.

A palavra fica nua

para todo mundo ver

o corpo amante cantando

a glória do seu poder.
 

Thiago de Mello, poeta brasileiro.

Submited by

Sábado, Mayo 21, 2011 - 00:24

Poesia :

Sin votos aún

AjAraujo

Imagen de AjAraujo
Desconectado
Título: Membro
Last seen: Hace 6 años 46 semanas
Integró: 10/29/2009
Posts:
Points: 15584

Add comment

Inicie sesión para enviar comentarios

other contents of AjAraujo

Tema Título Respuestas Lecturas Último envíoordenar por icono Idioma
Poesia/Dedicada A charrete-cegonha levava os rebentos para casa 0 2.737 07/08/2012 - 21:46 Portuguese
Poesia/Meditación A dor na cor da vida 0 1.148 07/08/2012 - 21:46 Portuguese
Poesia/Dedicada Os Catadores e o Viajante do Tempo 1 6.697 07/07/2012 - 23:18 Portuguese
Poesia/Alegria A busca da beleza d´alma 2 3.670 07/02/2012 - 00:20 Portuguese
Poesia/Dedicada Amigos verdadeiros 2 4.589 07/02/2012 - 00:14 Portuguese
Poesia/Meditación Por que a guerra, se há tanta terra? 5 3.173 07/01/2012 - 16:35 Portuguese
Poesia/Intervención Verbo Vida 3 6.066 07/01/2012 - 13:07 Portuguese
Poesia/Meditación Que venha a esperança 2 5.168 07/01/2012 - 13:04 Portuguese
Poesia/Intervención Neste Mundo..., de "Poemas Ocultistas" (Fernando Pessoa) 0 3.574 07/01/2012 - 12:34 Portuguese
Poesia/Intervención Do Eterno Erro, de "Poemas Ocultistas" (Fernando Pessoa) 0 7.949 07/01/2012 - 12:34 Portuguese
Poesia/Intervención O Segredo da Busca, de "Poemas Ocultistas" (Fernando Pessoa) 0 2.467 07/01/2012 - 12:34 Portuguese
Poesia/Dedicada Canções sem Palavras - III 0 4.840 06/30/2012 - 21:24 Portuguese
Poesia/Intervención Seja Feliz! 0 3.661 06/30/2012 - 21:14 Portuguese
Poesia/Meditación Tempo sem Tempo (Mario Benedetti) 1 3.856 06/25/2012 - 21:04 Portuguese
Poesia/Dedicada Uma Mulher Nua No Escuro 0 5.163 06/25/2012 - 12:19 Portuguese
Poesia/Amor Todavia (Mario Benedetti) 0 3.567 06/25/2012 - 12:19 Portuguese
Poesia/Intervención E Você? (Charles Bukowski) 0 3.396 06/24/2012 - 12:40 Portuguese
Poesia/Aforismo Se nega a dizer não (Charles Bukowski) 0 3.185 06/24/2012 - 12:37 Portuguese
Poesia/Aforismo Sua Melhor Arte (Charles Bukowski) 0 2.482 06/24/2012 - 12:33 Portuguese
Poesia/Tristeza Não pode ser um sim... 1 4.313 06/22/2012 - 14:16 Portuguese
Poesia/Aforismo Era a Memória Ardente a Inclinar-se (Walter Benjamin) 1 2.739 06/21/2012 - 16:29 Portuguese
Poesia/Amistad A Mão que a Seu Amigo Hesita em Dar-se (Walter Benjamin) 0 3.430 06/20/2012 - 23:45 Portuguese
Poesia/Aforismo Vibra o Passado em Tudo o que Palpita (Walter Benjamin) 0 5.783 06/20/2012 - 23:45 Portuguese
Poesia/Aforismo O Terço 0 2.532 06/19/2012 - 23:26 Portuguese
Poesia/Desilusión De sombras e mentiras 0 0 06/19/2012 - 23:23 Portuguese