QUE SOLIDÃO PODERÁ DEIXAR-ME SOZINHO?


Que orvalho poderá
acautelar o meu corpo da impaciência?

Cercado de amor,
gretado de saber ao que sabe o relógio.

Parado num cinzeiro onde a palavra arde incensada.

Que solidão poderá deixar-me sozinho agora?

Se o sol é a minha hora.
Se o vento é o meu amanhã.
E lua é a vereda do meu caminho.

Que tempo me fará correr?

Se o meu passo é maior que o universo.

Se já medi todas as distâncias.
Se já pesei o brilho de todas as estrelas.
Se já posei num poema que me escreve no mar.

Deixei de ouvir o ruído,
teimei-me ao infinito, ser andante.

Que tristeza se poderá semear nos meus olhos?

Despidos por Outonos de amor,
por tantas neves que me colheram as lágrimas.

Que saudade fará sombra nos meus lábios?

Desfiados num beijo
que me parou o tempo, deslizado na eternidade.

De onde a voz me fugiu
para me ecoar pelas cambas da vida.

Que fogo poderá queimar
os troncos da minha memória?

Se fiz da primavera uma pedra,
esculpida com o fim de tarde de todas as tardes.

Se sou uma lousa onde o verão se grafa.
 

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Viernes, Mayo 27, 2011 - 17:44

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Henrique

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Que solidão...

Adorei, Henrique....

"Que solidão poderá deixar-me sozinho agora?"

Eu diria que a própria solidão que mora na alma...

Bjo, amigo :)

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