NERVO QUE A POESIA AMANSA


Ávida amarra
que me barra o corpo, mais longe.

Onde o amor se diz naufrágio.

Sonho firme,
sem efeito na inutilidade da palavra
que me mutila a face. Abada ao esquecimento.

Ser regaço, remate de alívio curto,
de mar em mim intranquilo como laço eterno… A nada.

Foz por onde a lua passa alta, em solidão
por colmeias de estrelas desbotadas em sombras pálidas.

Tempestade de onde nascem os meus olhos
nesse pólen da noite. Centelha de abrigo ao desespero.

Todo o céu zune
o soluço brusco do infinito,
hesitado nas águas desapegadas
do pensamento. Nau de mastro quebrado.

Ouço a madrugada
sofrer o seu breu, que por mim passa
em ansiedades sós na jaula do tempo imprevisto.

Momento sem asas,
rasto derramado em bocas caladas,
disperso por um deserto de sedes inconsumidas.

Vendada de sal, a saliva acesa sem alma,
gritos em desassossego que ruíram pelo beijo.

A terra de si para si,
em sussurro se diz dona do destino.
Enleio que me espera devolver ao pó.

Pela brisa da lágrima que me atravessa o rosto,
o vento traz areias que escuto picar-me.

Vozes em sopro,
habitadas em ausência,
veias de fogo saciadas por silêncio.

Frágil sangue que o tormento alimenta,
nervo que a poesia amansa.

Pedra que canta partida aos pedaços
no cálice do meu peito, submerso em pernas
que levam à cova da cor que me pinta impaciente.
Mais longe...
 

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Sábado, Mayo 28, 2011 - 21:43

Poesia :

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Henrique

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