O ARVOREDO DO POEMA OUTONAL


Bravo pescoço
no cepo dos impulsos bruscos,
a palavra condenada ao ziguezague.

Labirintos de achaques rectos,
agudizando correntes de ar ventríloquas
de que da alma fala sem que o corpo se mova.

O grito não.

Suja luz saliente,
cortante ardósia escrita
em eco sedutor de aromas sem pulmão.

O não do tempo.

Sabores intragáveis,
saberes de flores inimagináveis
no perfil dos rumos embriagados ao norte.

A rima cujo espinho nos tem sede.

Fadas nuas,
luas de fado triste nos suga
aos vazios enfardados de medo.

O arvoredo do poema outonal.

Atraente dicionário de danças nupciais,
de pés mortais ao alvo da mentira vagarosa.

O poeta que se finge de mortes em verdade viva.

Cacto em jarro sem fundo,
asas em voo profundo ao nada.

O depois da palavra condenada.
 

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Miércoles, Junio 1, 2011 - 17:52

Poesia :

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Henrique

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