CONCURSOS:
Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia? Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.
Casimiro de Abreu : Amor e medo
I
Quanto eu te fujo e me desvio cauto
Da luz de fogo que te cerca, oh! bela,
Contigo dizes, suspirando amores:
"- Meu Deus! que gelo, que frieza aquela."
Como te enganas! meu amor é chama
Que se alimenta no voraz segredo,
E se te fujo é que te adoro louco...
És bela - eu moço; tens amor - eu medo!
Tenho medo de mim, de ti, de tudo,
Da luz, da sombra, do silêncio ou vozes,
Das folhas secas, do chorar das fontes,
Das horas longas a correr velozes.
O véu da noite me atormenta em dores,
A luz da aurora me intumesce os seios,
E ao vento fresco do cair das tardes
Eu me estremeço de cruéis receios.
É que esse vento que na várzea - ao longe,
Do colmo o fumo caprichoso ondeia,
Soprando um dia tornaria incêndio
A chama viva que teu riso ateia!
Ai! se abrasado crepitasse o cedro,
Cedendo ao raio que a tormenta envia,
Diz: - que seria da plantinha humilde
Que à sombra dele tão feliz crescia?
A labareda que se enrosca ao tronco
Torrara a planta qual queimara o galho,
E a pobre nunca reviver pudera
Chovesse embora paternal orvalho!
II
Ai! se eu te visse no calor da sesta,
A mão tremente no calor das tuas,
Amarrotado o teu vestido branco,
Soltos cabelos nas espáduas nuas!...
Ai! se eu te visse, Magdalena pura,
Sobre o veludo reclinada a meio,
Olhos cerrados na volúpia doce,
Os braços frouxos - palpitante o seio!...
Ai! se eu te visse em languidez sublime,
Na face as rosas virginais do pejo,
Trêmula a fala a protestar baixinho...
Vermelha a boca, soluçando um beijo!...
Diz: - que seria da pureza d'anjo,
Das vestes alvas, do candor das asas?
- Tu te queimaras, a pisar descalça,
- Criança louca, - sobre um chão de brasas!
No fogo vivo eu me abrasara inteiro!
Ébrio e sedento na fugaz vertigem
Vil, machucara com meu dedo impuro
As pobres flores da grinalda virgem!
Vampiro infame, eu sorveria em beijos
Toda a inocência que teu lábio encerra,
E tu serias no lascivo abraço
Anjo enlodado nos pauis da terra.
Depois... desperta no febril delírio,
- Olhos pisados - como um vão lamento,
Tu perguntaras: - qu'é da minha c'roa?...
Eu te diria: - desfolhou-a o vento!...
Oh! não me chames coração de gelo!
Bem vês: traí-me no fatal segredo.
Se de ti fujo é que te adoro e muito,
És bela - eu moço; tens amor, eu - medo!...
Outubro - 1858.
Submited by
Poesia Consagrada :
- Se logue para poder enviar comentários
- 1332 leituras
other contents of CasimirodeAbreu
Tópico | Título | Respostas | Views |
Last Post![]() |
Língua | |
---|---|---|---|---|---|---|
![]() |
Fotos/ - | Casimiro de Abreu | 0 | 1.807 | 11/24/2010 - 00:38 | Português |
Poesia Consagrada/Geral | Casimiro de Abreu : *** | 0 | 1.544 | 11/19/2010 - 16:54 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | Casimiro de Abreu : Fragmento | 0 | 1.416 | 11/19/2010 - 16:54 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | Casimiro de Abreu : Anjo! | 0 | 1.854 | 11/19/2010 - 16:54 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | Casimiro de Abreu : Última folha | 0 | 1.268 | 11/19/2010 - 16:54 | Português | |
Poesia Consagrada/Dedicado | Casimiro de Abreu : À morte de Affonso de A. Coutinho Nesseder estudante da Escola Central | 0 | 1.568 | 11/19/2010 - 16:54 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | Casimiro de Abreu : Berço e túmulo | 0 | 1.419 | 11/19/2010 - 16:54 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | Casimiro de Abreu : Infância | 0 | 1.163 | 11/19/2010 - 16:54 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | Casimiro de Abreu : A uma platéia | 0 | 1.516 | 11/19/2010 - 16:54 | Português | |
Poesia Consagrada/Tristeza | Casimiro de Abreu : No túmulo dum menino | 0 | 2.872 | 11/19/2010 - 16:54 | Português | |
Poesia Consagrada/Dedicado | Casimiro de Abreu : A J. J. C. Macedo-Júnior | 0 | 1.745 | 11/19/2010 - 16:54 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | Casimiro de Abreu : Uma história | 0 | 1.314 | 11/19/2010 - 16:54 | Português | |
Poesia Consagrada/Dedicado | Casimiro de Abreu : No leito | 0 | 1.733 | 11/19/2010 - 16:54 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | Casimiro de Abreu : Pois não é?! | 0 | 1.081 | 11/19/2010 - 16:54 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | Casimiro de Abreu : Na estrada | 0 | 1.370 | 11/19/2010 - 16:54 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | Casimiro de Abreu : No jardim | 0 | 1.371 | 11/19/2010 - 16:54 | Português | |
Poesia Consagrada/Tristeza | Casimiro de Abreu : Horas tristes | 0 | 2.212 | 11/19/2010 - 16:54 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | Casimiro de Abreu : Dores | 0 | 1.265 | 11/19/2010 - 16:54 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | Casimiro de Abreu : Amor e medo | 0 | 1.332 | 11/19/2010 - 16:54 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | Casimiro de Abreu : Perdão! | 0 | 1.275 | 11/19/2010 - 16:54 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | Casimiro de Abreu : Mocidade | 0 | 1.331 | 11/19/2010 - 16:54 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | Casimiro de Abreu : Noivado | 0 | 1.173 | 11/19/2010 - 16:54 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | Casimiro de Abreu : De joelhos | 0 | 1.499 | 11/19/2010 - 16:54 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | Casimiro de Abreu : Três cantos | 0 | 1.458 | 11/19/2010 - 16:54 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | Casimiro de Abreu : Ilusão | 0 | 1.151 | 11/19/2010 - 16:54 | Português |
Add comment