CONCURSOS:
Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia? Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.
ELOGIOS III
3
Aos faustíssimos annos do Serenissimo Senhor D. João
Principe Regente de Portugal
(Recitado no Theatro do Salitre, em 13 de Maio de 1799)
D'entre a primeira das edades mortas
Um dia resurgiu, soltou-se um dia
A bem da humanidade, á voz do Fado.
Mil Graças, mil Virtudes, mil Prazeres,
Foragidos do mundo, ao céo tornados,
Ao mundo volvem co'a sisuda Astréa.
Subito, remoçada a Natureza,
Leda, vaidosa de se olhar qual fôra,
Nas meigas faces amiuda o riso.
Turba subtil de olympicos Favonios
Vôa com flores, que não temem Phebo,
E á mãe universal perfuma o seio;
Insoffridos Tufões nas cavas grutas
Cerra, agrilhôa, abafa, opprime Eólo;
Mel espontaneo pelos troncos desce,
Lambem rios de nectar margens de ouro.
Saturno inclina a fronte ao ver na terra
De seus dias luzir a amena imagem;
Da sobranceira esphera ao filho exclama,
E d'alta novidade inquire a causa.
«Ente, digno de mim (responde Jove)
De heroes emanação, de heroes principio,
Hoje ao mundo levou, por lei dos Fados,
Escolhida porção de meus thesouros;
Hoje o fructo immortal de planta excelsa,
Que nas margens dispuz do insigne Tejo,
Surgiu, por meus influxos bafejado;
Da grande lusitana a digna prole,
O eximio coração, com quem reparto
A dignidade, a força, os pensamentos,
No seculo fatal, de horrores fertil,
Sobre o terreno herdado attráe teus dias,
Epoca da innocencia, e da ventura !
Viste ha seis lustros melhorar-se o tempo
Com seu fausto natal, viste ha seis lustros
De incognito matiz nos lusos campos
Ornar-se a Natureza em honra sua.
Então sorrisos d'ella annuncios foram
Dos luzentes futuros milagrosos,
Que para o tenro heróe zelava a Sorte.
«Se tanto não brilhou, como hoje brilha,
O doce clima productor de assombros,
Foi porque inda na edade inerte, e molle
Desatar não podia o regio moço
Altas idéas em acções mais altas.
Agora, que da illustre monarchia
Modera as longas rédeas, escudado
Das aptas forças, e do avito exemplo,
Agora se embellezam céos, e terra
Na gloria, no prazer, nos bens sem conto,
Que do grande João recebe a patria,
A patria de que é pae, senhor, e ornato.
«Unido em aureo vinculo á virtude,
Aos mil encantos de heroina augusta, "
Tempéra o coração nos olhos d'ella,
Nos olhos d'ella o sentimento apura,
E um numen bemfeitor se ant'olha aos povos.
Negreja, sem toldar-lhe os mansos dias,
Tempestuoso horror, bramindo ao longe;
Em vão boceja o pestilente inferno,
Na lava abrazadora em vão sacode
Horridos crimes, que outra plaga infamam.
Senhor de alta nação, que vale o mundo,
João, mimo do céo, João triumpha;
Seu throno em corações está sentado,
E tem na eternidade os alicerces.
D'ella emanou seu dia, é parte d'ella,
E lá depois que o sol milhões de vezes
Houver com elle enriquecido a terra,
O puro, amado, memoravel dia
No resplendor sem termo irá sumir-se.»
Assim Jove fallou: Saturno annue,
E fica mais brilhante a Natureza.
Submited by
Poesia Consagrada :
- Se logue para poder enviar comentários
- 1089 leituras
other contents of Bocage
Tópico | Título | Respostas | Views |
Last Post![]() |
Língua | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia Consagrada/Geral | ENDECHAS II | 0 | 1.105 | 11/19/2010 - 15:54 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | RETRATOS I | 0 | 1.127 | 11/19/2010 - 15:54 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | RETRATOS II | 0 | 1.196 | 11/19/2010 - 15:54 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | QUADRAS I | 0 | 1.185 | 11/19/2010 - 15:54 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | QUADRAS II | 0 | 820 | 11/19/2010 - 15:54 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | QUADRAS III | 0 | 1.481 | 11/19/2010 - 15:54 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | TRABALHOS DA VIDA HUMANA | 0 | 1.395 | 11/19/2010 - 15:54 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | ALLEGORIAS I | 0 | 1.823 | 11/19/2010 - 15:54 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | ODES ANACREONTICAS XI | 0 | 905 | 11/19/2010 - 15:54 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | ODES ANACREONTICAS XII | 0 | 1.334 | 11/19/2010 - 15:54 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | CANÇONETAS I | 0 | 1.337 | 11/19/2010 - 15:54 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | CANÇONETAS II | 0 | 1.489 | 11/19/2010 - 15:54 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | CANÇONETAS III | 0 | 1.008 | 11/19/2010 - 15:54 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | ODES ANACREONTICAS X | 0 | 1.262 | 11/19/2010 - 15:54 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | ODES ANACREONTICAS I | 0 | 3.091 | 11/19/2010 - 15:54 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | ODES ANACREONTICAS II | 0 | 1.447 | 11/19/2010 - 15:54 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | ODES ANACREONTICAS III | 0 | 751 | 11/19/2010 - 15:54 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | ODES ANACREONTICAS IV | 0 | 1.014 | 11/19/2010 - 15:54 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | ODES ANACREONTICAS V | 0 | 1.356 | 11/19/2010 - 15:54 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | ODES ANACREONTICAS VI | 0 | 2.011 | 11/19/2010 - 15:54 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | ODES ANACREONTICAS VII | 0 | 878 | 11/19/2010 - 15:54 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | ODES ANACREONTICAS VIII | 0 | 1.489 | 11/19/2010 - 15:54 | Português | |
Poesia Consagrada/Geral | ODES ANACREONTICAS IX | 0 | 1.672 | 11/19/2010 - 15:54 | Português | |
Poesia Consagrada/Soneto | Soneto Matinal | 0 | 1.509 | 11/19/2010 - 15:49 | Português | |
Poesia Consagrada/Soneto | Soneto da Porra Burra | 0 | 2.189 | 11/19/2010 - 15:49 | Português |
Add comment