CONCURSOS:

Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia?  Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.

 

O Mundo Velho

O Mundo Velho

Nas crises d'este tempo desgraçado,
Quando nos pomos tristes a espalhar
Os olhos pela historia do passado...
Quem não verá, contente ou consternado,
- Mundo velho que estás a desabar - ?!...

Sim tu estás a morrer, vil socio antigo...
E Pae de nossos vicios e paixões!
Camarada dos crimes, torpe amigo...
- Morre, emfim, correrá no teu jazigo,
Em vez de vinho, o sangue das nações!

Deves morrer, provecto criminoso!
Tens vivido de mais, vil sensual!
Tu estás velho, cansado e desgostoso,
E, como um velho principe gotoso,
Ris, cruelmente, ás sensações do mal.

- Que é feito do teu Deus, do teu Direito?
- Onde estão as visões dos teus prophetas?
- Quem te deu esse orgulho satisfeito?
Muribundo Caiphaz, junto ao teu leito,
Morrem, debalde, os gritos dos poetas!

No tempo em que eras forte, foi teu braço
Que apunhalou os grandes ideaes!...
Hoje estás gordo, sensural, devasso,
E andas, torpe a rir, como um palhaço,
N'um circulo lusente de punhaes.

Tu tens vendido os justos no mercado!
Crucificado o nobre, o bello e o bom!
Vaes cahir templo pôdre e abandonado,
Não á voz de Jesus ensanguentado,
- Mas ao verbo sinistro de Proudhon.

É elle que te arrasta ao teu jasigo,
Andas vergado á sua maldição!
Cambalêas ao funebre castigo,
E passas corcovado como o antigo,
Escravo, sob o lenho da paixão!

O seu grande clarão inda t'innunda,
Fulminou-te, morcêgo, á sua luz!
Marcou-te a consciençia rôta e immunda,
E a chaga que te abriu é mais profunda
Que a do lado direito de Jesus!

Nenhum deus, já ninguem póde cural-a!
Has-de morrer, caido amphytrião;
É essa a dôr eterna que te rala,
- Manda erguer o caixão na tua salla,
Prepara o funerario cantochão!

Tu tens quebrado os peitos mais robustos,
Tens dado aos santos o vinagre e o fel...
- Bom conviva de Nero e dos Procustos,
Andas ebrio do sangue de mil justos,
De mil sabios... de Christo e de Rossel!

Tens talhado a teu modo a Sociedade!
E por isso o infeliz que te condemne;
Ensanguentaste as mãos da Mocidade,
Nunca amaste o Direito ou a Equidade,
Matas Vallès...... Deixas viver Bazaine.

Tu viveste contente e agasalhado
Entre os brilhantes, e as visões do gaz!
- Bem te importava a neve... e o ar gelado,
O Frio e a Fome... É tepido o Peccado!
Calvo amigo!... Venceu-te Satanaz!

Tornaste o Templo casa de penhores,
- Mas ninguem ora a Deus nas cathedraes!
E já cheios de lastimas e dôres,
Nós lemos mais nas petalas das flores
Do que em todas as folhas dos missaes!

Morre, morre, venal, sem um gemido!
- Nem podes, levantar as mãos aos ceus!
Ha muito que ris d'isso, aborrecido?
Em nada crêste, em nada!--Adeus vencido!
Morre ahi como um cão!--Vencido, adeus!

Morre, morre, na lucta, pois, soldado!
Corpo cheio de tedio e de bolor!
- Adeus, velho navio destroçado!
- Morre! antigo conviva do peccado!
- Faltou-te sempre Deus, a Lei e o Amor!

António Gomes Leal

Submited by

quarta-feira, abril 1, 2009 - 03:10

Poesia Consagrada :

No votes yet

AntonioGomesLeal

imagem de AntonioGomesLeal
Offline
Título: Membro
Última vez online: há 14 anos 21 semanas
Membro desde: 04/01/2009
Conteúdos:
Pontos: 114

Add comment

Se logue para poder enviar comentários

other contents of AntonioGomesLeal

Tópico Título Respostas Views Last Postícone de ordenação Língua
Fotos/ - Gomes Leal 0 1.167 11/24/2010 - 00:37 Português
Poesia Consagrada/Geral Cantiga do Campo 0 893 11/19/2010 - 16:49 Português
Poesia Consagrada/Meditação Mysticismo Humano 0 1.245 11/19/2010 - 16:49 Português
Poesia Consagrada/Geral Aos Vencidos 0 886 11/19/2010 - 16:49 Português
Poesia Consagrada/Geral O Mundo Velho 0 862 11/19/2010 - 16:49 Português
Poesia Consagrada/Geral Aos Vencedores 0 880 11/19/2010 - 16:49 Português
Poesia Consagrada/Geral Palácios Antigos 0 1.022 11/19/2010 - 16:49 Português
Poesia Consagrada/Geral De Noite 0 871 11/19/2010 - 16:49 Português
Poesia Consagrada/Geral O VISIONÁRIO OU SOM E COR 0 954 11/19/2010 - 16:49 Português
Poesia Consagrada/Geral As Mães 0 895 11/19/2010 - 16:49 Português
Poesia Consagrada/Soneto A maior dor humana 0 836 11/19/2010 - 16:49 Português
Poesia Consagrada/Geral A Cantiga do Campo 0 989 11/19/2010 - 16:49 Português
Poesia Consagrada/Amor Autópsia do Amor 0 1.539 11/19/2010 - 16:49 Português
Poesia Consagrada/Erótico Aquella Orgia 0 1.327 11/19/2010 - 16:49 Português
Poesia Consagrada/Geral Madrigal Excentrico 0 875 11/19/2010 - 16:49 Português
Poesia Consagrada/Geral Na Cabeceira d'um Leito 0 788 11/19/2010 - 16:49 Português
Poesia Consagrada/Dedicado Lisboa 0 823 11/19/2010 - 16:49 Português
Poesia Consagrada/Tristeza Miseria Occulta 0 1.512 11/19/2010 - 16:49 Português
Poesia Consagrada/Geral Aquelle Sabio 0 867 11/19/2010 - 16:49 Português
Poesia Consagrada/Geral A Visita 0 797 11/19/2010 - 16:49 Português
Poesia Consagrada/Soneto Soneto D'Um Poeta Morto 0 861 11/19/2010 - 16:49 Português
Poesia Consagrada/Geral As Cathedraes 0 835 11/19/2010 - 16:49 Português
Poesia Consagrada/Geral As Aldeias 0 816 11/19/2010 - 16:49 Português
Poesia Consagrada/Geral Acusação à Cruz 0 846 11/19/2010 - 16:49 Português
Poesia Consagrada/Tristeza Tristissima 0 1.498 11/19/2010 - 16:49 Português