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Amor de Sexta-feira 13
De mim resta o cadáver embalsamado
nas florestas densas dos teus nãos.
Sinto-me lixo que atiras à tua ausência,
derrocada cara a cara com a tristeza do teu adeus.
Nas tuas horas,
sou meia-noite de badaladas caladas.
Sepultaste-me o sorriso na saudade que desconheces.
Gelas-me os passos até a ti,
dama de pedra fria que outros em ti defuntos
outrora te ensinaram estranhas formas de amar.
Escavas em mim poços de ódio
onde já não tens corda para me puxar.
Largaste os poemas que te escrevi aos abismos.
Sins prometidos ao ouvido em murmúrios cúmplices.
Fazes chorar os meus olhos
como que se fossem mananciais
de água límpida que a tua sede rejeita.
A carne pertence à carne mas tu vives sozinha
no osso da tua cegueira egoísta.
Quiseste ser em mim vastidão,
mar que escondes nas ondas no teu abandono,
deixando-me o corpo marear em solo de rocha dura.
Calas-me a voz do corpo
com nojo de mim na morte dos teus olhos.
Pintas os lábios de fim, tons de distância espontânea.
Vestes de sombra os pensamentos
que entre nós fazem divisas de vento.
Cercas-me o fogo numa gaiola de luares.
Nó que o vazio aperta no teu suspeito amar-me.
As salivas que em nós abriram
champanhes de paixão, hoje são veneno
de serpentes que estrangulam os nossos beijos.
Dói-me as mãos no socorro da alma que não ouves.
Eternizaste o amor sexta-feira 13
na cruz de silêncio do teu afastamento.
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