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O passado ao fundo da rua


O tempo passa como quem passa rua acima
pelo seio da madrugada.

Sozinho, pensativo,
deixando o passado ao fundo da rua.

Com os dias, o tempo passeia de mãos dadas ao ruído,
com as noites corre em silêncio.

Embalado em tristeza, o tempo é como nevoeiro denso
numa estrada onde a viagem é um já ali longe,
desmesuradamente longe ali.

A visão mingua, a sensação é de algo perdido,
caminhar é nudez à chuva, passo insípido.

Na doença, o tempo é um barco de casco frágil,
maremoto de lágrimas, horas são proas quebradas.

A vida fica um mar revolto onde as ondas
mais parecem rochas que em nós embatem,
como que ponteiros de um relógio em sentido inverso.

No amor, o tempo é o flash de uma passerelle
onde por instantes tudo é eterno.

Tudo não passa de um clarão que nos torna belos.
Olhares, são como que aplausos a imortalizar a juventude.

Na paixão, o tempo é uma erupção de emoções,
um vulcão onde o corpo é terramoto.

Na saudade, o tempo é tempestade, sopro de ansiedade,
aragens de norte beijam-nos o rosto com lábios polares.

Lábios vazios que chegam desnorteados,
mortos de palidez fria, vivos de nada.

Na alegria, o tempo é um pássaro que voa contente
sobre a Primavera que os olhos brotam em flores infindas.
As cores ganham vida, as distâncias movimentam-se até nós.

 

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sexta-feira, maio 13, 2011 - 04:07

Ministério da Poesia :

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Henrique

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