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O passado ao fundo da rua
O tempo passa como quem passa rua acima
pelo seio da madrugada.
Sozinho, pensativo,
deixando o passado ao fundo da rua.
Com os dias, o tempo passeia de mãos dadas ao ruído,
com as noites corre em silêncio.
Embalado em tristeza, o tempo é como nevoeiro denso
numa estrada onde a viagem é um já ali longe,
desmesuradamente longe ali.
A visão mingua, a sensação é de algo perdido,
caminhar é nudez à chuva, passo insípido.
Na doença, o tempo é um barco de casco frágil,
maremoto de lágrimas, horas são proas quebradas.
A vida fica um mar revolto onde as ondas
mais parecem rochas que em nós embatem,
como que ponteiros de um relógio em sentido inverso.
No amor, o tempo é o flash de uma passerelle
onde por instantes tudo é eterno.
Tudo não passa de um clarão que nos torna belos.
Olhares, são como que aplausos a imortalizar a juventude.
Na paixão, o tempo é uma erupção de emoções,
um vulcão onde o corpo é terramoto.
Na saudade, o tempo é tempestade, sopro de ansiedade,
aragens de norte beijam-nos o rosto com lábios polares.
Lábios vazios que chegam desnorteados,
mortos de palidez fria, vivos de nada.
Na alegria, o tempo é um pássaro que voa contente
sobre a Primavera que os olhos brotam em flores infindas.
As cores ganham vida, as distâncias movimentam-se até nós.
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Ministério da Poesia :
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