O Poeta Fingidor

A sua solidão te envenena,

Com doses de tristeza plena,

É tanta coisa pra fazer,

Que já não sabes o que é viver,

Chame alguém pra tomar conta de tudo,

Chame alguém pra tomar parte no assunto,

Todos os dias a tarde,

Todas as noite acordado, você sabe,

Pensando no que aconteceu no dia,

Pensando no que fazer com tanta bebida,

Tanto prazer sintético e momentâneo,

Com a desculpa de ser eclético e contemporâneo,

Expressando dor por meio das palavras,

Dizendo serem falsas mas no fundo são verdades,

É tanta falsa identidade,

É tanta infelicidade,

Expressadas por meias verdades,

Inspiradas pela sua realidade,

Quão pesado é o fardo que carregas,

Causa cansaço e mal agudo,

A si mesmo mas não aos lúcidos,

Seu descaso aparente a sociedade,

Se traduz no papel, eternizado,

Mas por muitos, mal interpretado,

Se nos teus versos ainda se vê a ferrugem,

Na sua mente, os pregos rugem,

Mesmo a tanto tempo,

Mesmo a tanta custa do silêncio,

As suas doses diárias são de tormento,

De álcool e de calor vindo do cimento,

Suas grossas ataduras,

Sua fina armadura,

Não são nada contra a tortura,

De tentar e tentar, sem parar,

Para coisas grandiosas alcançar,

Para no final sobrarem apenas razôes para chorar,

Como a perda de mais uma alma que se põe a vagar.