PEDI-TE UM BEIJO... E PERDI-TE...

Pedi-te que me amasses
Implorei-te só mais uma vez que me beijasses
Queria voltar a sentir de novo
os teus lábios encostados aos meus
Arrepio espinha acima
E aquecida, não pela chama da paixão,
mas pelo palpitar do teu coração
Preenchida também
Pelo teu oscular
E pelo brilho do teu embevecido olhar

Queria voltar a sentir-te em mim
E possuir a tua alma renovada
De novo colada à minha
Sentir-me amada

Por isso,
pedi-te que me amasses
De novo te implorei aquele beijo
Supliquei que dissesses, naquela noite: “Eu amo-te”
Porque esse era o meu único ensejo
Porque naquele momento
Só nosso
Exclusivamente
Entregues ao ócio
E espiados somente pela lua
Secretamente ocultos
Na multidão da rua
Debaixo do brilho de estrelas ofuscantes
éramos mais do que amantes
Almas gémeas
unidas por um único destino,
um só caminho

O meu corpo ainda estava vestido
mas a minha alma já estava nua
E os oráculos, nos céus, já ditavam,
de forma melífera e crua
que eu era tua…

Os teus olhos enternecidos
Praticamente inebriados
Falavam aos amantes e não aos namorados
E murmuravam
Em vocábulo nada impróprio
Dizendo mais dos que os teus próprios lábios

E naquele instante…
Naquela hora madrasta
Perdi-te
Não por te ter pedido um diamante
Mas o mesmo beijo
que desflorou minha boca casta

Pedi-te que me amasses
Pedi-te que de novo me beijasses
Pedi-te um Beijo
E no fim…Perdi-te…

E o que te impedia, a ti,
de dizer: “Eu amo-te”?
E o que me impelia, a mim,
a rogar-te de novo um beijo?

Não sei se amor, talvez desejo…

Magda Graça