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Sol cardo no leito das Musas


Palavras, sabem-me a mentir
à deriva das árvores caladas no fundo do mar.

Sinto-me um tronco,
povoado por pássaros que voam brumas de eternidade.
Pensamento estilhaçado em sombras de sentir-me ventania.

A solidão murmura janelas de adeus.
Vozes estalam em luas de beleza fácil.
O vento, é ombro ouvinte dos véus da dor
numa orla de archotes de lume demolido nas mãos.

Escutar-me silêncio.
Ato-me ao perfume do corpo,
suado vontade de partir em ondas de rostos
que me saciem o cio do peito à procura de um abraço.

A luz que me ilumina,
é onde dorme o dragão da alma.
Trovões, esperam no escuro o veneno.
Um charco de desejo sedento de relâmpagos de amor.

Bolorento frio prenhe de poeira
que me abafa as noites açoites por mim vivo.
Noites vazias, estrelas caem facas na seiva da minha silhueta.

Caminho de lábios aulidos,
perdidos num espelho onde o olhar é uma gruta.
Caverna de bocas comungadas por mulheres nuas.

Ouço a chuva rir à rua,
negando sonhos com tranças
de vinho morto numa taça de brisas quebradas.
Falo-me porcelana frágil, sem pontes longe de mim.

O chão acende paredes de barro,
moldado saudade onde a poesia finda.

 

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domingo, maio 15, 2011 - 04:55

Ministério da Poesia :

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Henrique

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