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Sou feliz porque não escrevo…
Serei aviso em letreiro luminoso,
Serei nem sei se serei Afonso, Meireles
Serei, se nem ópera do Lopes Virei,
Serei sendo eu Miguel, Zé-ninguém
Serei, se o mínimo é igual ao mindinho
Como posso ser alguma coisa, destino,
Um hortal de couves no mercado do erro,
Colho o momento como se fosse um cacho,
Delicio-me com as uvas e fujo do perro,
E do dono que corre plo terreno abaixo,
Aviso aos que vêem sou, somos um cacho
Todos, quer sejamos Afonso Vieira Lopes,
Miguel Torga, Esteves Cardoso, Saramago
Zé, fazemos como se fosse sopa de Pessoas,
Um molho com sabor “suis genéris” Loureiro,
Tutti-frutti a estragão, pesticida legumes,
Fita excêntrica de metal, ferro QuerNunes Deus,
Sou feliz porque não escrevo poesia,
Só a verdade com que desvio, por escrito,
O que perpetuamente aperfeiçoo,
Do que me pertence eu criar de novo,
A minha cota perpetua de afeição ao Homem,
Não aos anjos doutra espécie,
Que não sendo não sou nem busco
Sou feliz porque não escrevo poesia,
Vivo ao-de-leve e com relevo de ilusão
E de sombra, essa que projecto no chão,
Nada mais me mede a não ser o meu Adereço,
Neste teatro elucido, em que mostro o que penso
Sou feliz porque não escrevo poesia,
Eu penso…
Jorge Santos (01/2015)
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