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À JANELA DA VIDA SEM FOLHAS ONDE ME ESCREVER
Ausente. Assente por aí a dragar o tempo.
Calado… Fechado sobre um telhado de sombras.
Desatento, pedra sem alento.
Astro sem movimento… Sem fogo.
Caído, saído de lugares nenhures, algures invertido.
À janela da vida
como vela que arde em silêncio.
Légua em chama por descobrir… Milha em cinza.
Concha que paira desabitada.
Luar à boleia de uma lágrima fria.
Passo na noite em bosque sem candeia…
Árvore edificada em mármore. Sepultura vazia…
Outono sem vento… Sem folhas onde me escrever.
Chave em código que nada abre. Palavra de areia movediça.
Cigarra pensativa, pássaro engaiolado
num beijo de saudade farpada… Escarpa murcha.
Corda de harpa lassa, carapaça
de cores acorrentadas às mãos dos nevoeiros.
Imóvel, fóssil em espera
de ser circunscrito… Enterrado vivo.
Crista de uma onda gigante que se afoga
na sua própria curva que imola o ar do espaço.
Mar profundo, mundo sem sol…
Ilha minúscula, armadilha de diagonais sazonadas…
Olhar gretado em filamentos de subúrbios desfasados.
Escada de olhos desnivelados,
elevados em fumo negro aos ladrilhos do céu.
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