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Ablução

Consegui ignorar-te pela primeira vez
Depois de tanto tempo e lutas interiores
De lágrimas caídas
De noites interrompidas
Já nada tenho para te dizer
Já não desejo o teu abraço
Já não te quero tocar
Alguma vez entendeste o significado de humano
Alguma vez percebeste os meus beijos
O meu sorriso
O meu amplexo nu?
Alguma vez compreendeste a minha alma
A minha entrega de coração aberto?
Alguma vez entendeste o meu amor?
O que me dói
É que me tiveste
E nunca afinal me alcançaste!
Os teus lábios percorreram-me sem me sentirem
Por isso me renovo mergulhando o corpo despido
Nas águas escuras e calmas da foz
Transmuto o remanescente da minha emoção
E grito bem alto os delírios da alma feitos voz
Renascendo em rituais sagrados de ablução
E transformo a tua ausência em risos e sorrisos
Porque o mar me envolve e enlaça
Sob as estrelas do céu nocturno celeste
Me beija e me afaga
Como tu nunca o fizeste!

Submited by

segunda-feira, agosto 4, 2008 - 09:54

Poesia :

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AnaMaria

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Título: Membro
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Comentários

imagem de Henrique

Re: Ablução

As fronteiras do infinito que só o poeta abrange!

:-)

imagem de Andarilhus

Re: Ablução

Grandes lutas se travam para recuperarmos a nossa auto-estima, vencermos as "submissões" e reaprendermos a ser como sempre fomos mas que, entretanto, nos alheamos por entrega a alguém.
Cansados, chegamos finalmente ao grito da revolta assumida. E dá-se então o milagre do nosso próprio reencontro. É um momento singular e extremamente sublime e forte, tal como o é este poema. Uma vénia dedicada à escritora e à escrita.
"(º0º)"

imagem de zizo

Re: Ablução

O renovar do sentir é o renovar da alma e dos sentidos. Amor a rodos passeia no seu poema AnaMaria.
Bjs

imagem de AnaMaria

Re: Ablução

Carlos!
Adorei a forma como analisou o meu poema! Nunca o mandarei calar, mesmo que faça uma crítica negativa ao que escrevo! (o que nem me parece ser neste momento o caso)
Conseguiu captar e definir as minhas estratégias que bailam entre o dar-me e o criticar-me! Entre o voar e pousar!
Realmente é como se tivesse necessidade de contar um enredo e colocar-lhe um final, nem sempre de sonho.
Não me considero uma romântica!
Penso que a minha poesia é sobretudo um grito de liberdade. E neste grito incluem-se revoltas, inconformidades, revoluções interiores, dualidades!

Agradeço-lhe sinceramente o comentário!
Abraço

imagem de IsabelPinto

Re: Ablução

A vida é composta por encantos e desencantos (a dualidade sempre presente) que nos marca e nos faz seguir em frente.
Gostei imenso do teu poema:)
Beijinhos
IC

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