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ALMA COM SEDES INSACIÁVEIS
Olho a reverberação do escuro
que embosca o mover dos olhos.
Penumbras acesas
como duna anárquica do deserto
que veste a alma com sedes insaciáveis.
Breu que oculta o ver do olhar em pasmo incerto.
Voz em debanda
como crivo pelo bosque das palavras
que coabitam a cara em masmorras de tristeza.
Vultos frios em silêncio
como fogo-de-artifício a soltar aragens
inundadas de lágrimas que se desatam do ser.
Lágrimas gota a gota dissentidas.
Escorridas sem traço pela tela do mar
que assombra o horizonte com distâncias sem abrigo.
Deterioradas rochas da solidão
como mariposa vogue podre sobra da sombra.
Silhueta que em perfume baço
persegue o passo à pancada desmaiada
como carvão afogado em lume já sem lenha.
Socorro qual sino de lodos
dê gargalhadas no cume do ser ao fundo
de um lago de fogueiras que se apagam em espiral.
Como barco num remoinho de gestos em desespero.
À deriva numa cova
que em coma que nos devora a hora do corpo.
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