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BAÚ DE CARAMBAS
Abandono-me à passagem do tempo.
Folha após folha… imutável.
Fétido vinagre de confusão
a decifrar o estrebuchamento da ânsia
nesse módico lugar inútil chamado ilusão.
Amontoado num lápis gasto… o corpo.
Dissolvida numa aparência inquietante,
a alma borbulha no sangue ausência de espírito.
Súbito ridículo… baú de carambas.
Manhãs seguintes num uniforme cor de carvão,
para engraxar os sapatos da noite
que me sapateiam o coração.
Pródiga lâmpada de luz metálica
a resmungar entre as sombras o torpor
do movimento das palavras involuntárias.
Espólio de lágrimas… lâmina que tilinta adeus.
As pernas do destino
completamente vãs neste idílio
depositado nas minhas sinas inesperadas.
Despertar atónito… travessia tonta.
Ruído reumático na ponta de um dedo,
outrora fálico a apontar o norte.
Condolências silenciosas… olhos despedidos do olhar.
Furtivamente sozinho,
vai o ar nos pulmões do mundo
em passos caducos a mendigar pensamentos.
Culpa inocentemente inteira,
migalha a migalha num caixão de madeira.
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Comentários
Sempre um prazer ler teus pensamentos lúcidos,
Sempre um prazer ler teus pensamentos lúcidos, onde não excluis a tua presença, teu ser vivência,
nas palavras que vais desfolhando, com cabeça, tronco e membros. Parabéns, grande poeta e amigo, Henrique!
Gostaria de ver tua grata pessoa, visitando meu cantinho de poesia, para assim (no escasso tempo que te sobra) ler meus últimos poemas. Muito obrigado!
Abraços meus
Jorge Humberto
É caso para dizer...CARAMBA!
É caso para dizer...CARAMBA! Muito bom!
Joana