CADÁVER DO TEU ADEUS

Salvaste o meu mundo,
em ti sinto-me de novo vivo.

Não me deixes agora.

Algumas palavras, parecem gotas de chuva
de uma tempestade que nasce num rio de tristeza.
É nesse rio que muitas vezes nado como nuvem negra.

Mas é o sol que quero ser no teu coração.

Já foi tanto o que por ti chorei, senti-me
outras tantas vezes uma criança sem lugar para brincar.
Tive um tempo em que deixava ir as ilusões para muito longe.

Vêm fáceis as lágrimas
quando os momentos são atmosferas de nada.

Firmamentos de sombras
vêm de nenhures em grito cego.
Escuros que vêm de filosofias envenenadas.

Olha bem para mim,
não sou livre se partires agora,
jamais o serei porque matarei o ar respirado a dois.
Áureas cinzas trocarão o arco-íris por serpentes aterradoras.

Só tu consegues ver em mim o que eu próprio não vejo.

Se não existisses, viveria
sozinho dentro de um espelho de água turva,
nele apenas olharia a tragédia no meu rosto.

Vê quanto pó sou
se tu perderes o amor que sentes por mim.

Se tu partires ficarei louco,
esquecer-te-ei na minha insânia.

Sem ti serei um homem gélido.

Cadáver do teu adeus.