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CARDAL DE VENTO
Lágrimas sem amor, sem leito, inúteis.
Dor profunda, em silêncio indomesticado.
Do que não posso,
amargo ser-me holocausto no moinho dos olhos.
Labirinto de pesadelos moídos em espelho quebrado.
Céu despedaçado,
poluído por portas inversas.
Lua de pecados, estampada
em pontes para todos os lugares.
Amor que valha a lasca cravada ao peito.
O inverno da imodéstia numa flor dormente.
Noite escura, mórbida.
Penúrias de janela faminta à visão esdrúxula.
Cardal de vento pregado ao corpo,
a alma esquecida numa lápide de Outono.
Lugar tenebroso, melodia agonizante.
Alegre dizer, gargalhada
embaralhada nas árvores mortas.
Chora o vulto ao lado de um fogo calado.
Ardo em ódio.
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Comentários
Olá Henrique!
Eis mais um texto belíssimo para se ler.
Tenho acompanhado os teus textos e, admiro a tua forma de exprimir os sentimentos, é um género de leitura que me prende ao imaginável.
Não é a minha forma de escrever mas, talvez, por essa razão, me sinta tão fascinado com a tua escrita.
É sempre um enorme prazer ler os teus textos.
Abraços poéticos