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COMO SE A LUA FOSSE UM LÁBIO SEM PAR


Poema ridículo.

Como as pedras
tivessem olhos e me olhassem cegas.

Como se as portas
fossem bocas que falassem fechadas.

Amor ridículo.

Como se a água do mar
fosse morta e lá vivesse o vento.

Como se as lágrimas
fossem borboletas de ferro sem peso.

Paixão ridícula.

Como se a morte
fosse uma casa e lá vivesse a vida.

Como se o silêncio fosse um rufo
de tambor algures que ninguém escuta.

Vida ridícula.

Como se as aves não voassem
e o céu fosse um charco no chão.

Como se o sol fosse canino
do universo sem carne que se morda.

Beijo ridículo.

Como se a lua fosse um lábio sem par.

Como se o corpo fosse
uma eternidade do tempo sem horas.

Alma ridícula.

Como se as rectas fossem curvas sem grau.

Como se as palavras
nada dissessem nos seus rabiscos.

Deus ridículo.

Como se as mulheres
fossem árvores e os frutos chuva.

Como se o Olimpo fosse
um copo de vinho de videiras secas.

 

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terça-feira, julho 19, 2011 - 23:42

Poesia :

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Henrique

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