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Crescendo
A minha fantasia
Eras tu.
Eras já mulher feita,
Ainda a lascívia me era rarefeita,
E eu indiferente perante o nu.
Sorrias-me “daquela maneira intrigante”,
E eu, angustiante,
Desviava o olhar,
Tão certo de te amar, como de te temer.
Preferia sofrer,
A fitar-te de frente…
Assim, olhava-te por entre.
Certo dia toquei-te!,
Vieste sentar-te comigo e a tua coxa encostou-se.
Lembro-me de me perguntares qualquer coisa,
E qualquer coisa que fosse
Para mim foi deleite:
- “Aquela miúda calada…”, perguntaste,
- “Nós não temos nada”, apressei-me…
Pousaste a mão no braço.
Dias depois, num abraço,
Já te vi de outra maneira:
O teu corpo era suave e quente,
A tua cintura por baixo do corpete
Era uma acha…
Já eu era fogueira.
Tomaste conta de mim:
Vergaste-me ao espanto e pensei sonhar…
Mais tarde vieste-te. Eu já sabia.
Depois sorriste,
Já não “daquela maneira intrigante”,
Mas nossa.
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