CONCURSOS:
Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia? Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.
Da Constatação, Tempo IV (Cleto de Assis)
Pois há muito esquecemos
que um sorriso não tem devir,
ele existe para aquele momento em que se abre
e eterniza sentimentos.
Nem a flor, em sua efemeridade,
anuncia tempos vindouros
mas doura apenas os dias em que vive
e terá em suas irmãs e filhas
o contínuo refazer de presentes coloridos e perfumados.
Mais transitória ainda,
a borboleta, intensa flor flutuante,
não faz de seus passados de lagarta e crisálida
prisões de lamentações.
Só voa em suas visitas de flor em flor
a enfeitar preciosos e rápidos presentes.
E nisto está o mistério da vida, como queria Pessoa:
não haver nela qualquer mistério, só transitoriedade.
Somente nós, os reis da natureza,
queremos que ela pareça eterna
para celebrar o enganoso reinado perene
que impera sobre tudo o que é apenas passageiro,
a começar pela própria vida.
Aí inventamos a vaidade, a prepotência
e todas as demais formas de violência
que nada têm a ver com a lei maior da efêmera sobrevivência.
E insistimos em não ver o que é transitório
porque gostamos de alargar a sensação do infindo
imaginando tempos cósmicos de quinze mil anos solares
que criam um deus à nossa imagem e semelhança.
Não conseguimos aceitar que, no pórtico do silêncio vital,
há avisos claros sobre o que não deveríamos ter feito.
Não fale e siga,
diga e não diga
até a próxima curva
que não existe.
Depois prossiga
direto ao limite
do próximo passo.
Pare, olhe, escute:
se ouvir o silvo
ou o apito
esconda o grito
recolha o espanto.
Escolha o canto,
engula o pranto,
negue o infinito.
É dos segundos, minutos e horas que perdemos a pensar,
esperançosos,
na felicidade que ainda não veio
que formamos nossos futuros vazios,
sem perceber que a distância entre nós e as estrelas
é a ligação de muitos pontinhos sem luz bem próximos um do outro.
Basta olhar ao céu para consignar essa verdade.
Cleto de Assis, poeta, Curitiba, junho de 2010.
Submited by
Poesia :
- Se logue para poder enviar comentários
- 3322 leituras
other contents of AjAraujo
Tópico | Título | Respostas | Views |
Last Post![]() |
Língua | |
---|---|---|---|---|---|---|
Poesia/Poetrix | Poemas - de "Magma" (Guimarães Rosa) | 2 | 27.681 | 06/11/2019 - 11:48 | Português | |
![]() |
Videos/Música | Ave Maria - Schubert (Andre Rieu & Mirusia Louwerse) | 1 | 50.944 | 06/11/2019 - 11:02 | inglês |
Poesia/Fantasia | Cabelos de fogo | 0 | 7.043 | 04/28/2018 - 21:38 | Português | |
Poesia/Dedicado | A criança dentro de ti | 0 | 5.745 | 04/28/2018 - 21:20 | Português | |
Poesia/Pensamentos | O porto espiritual | 0 | 7.186 | 04/28/2018 - 21:00 | Português | |
Poesia/Dedicado | Ano Novo (Ferreira Gullar) | 1 | 5.655 | 02/20/2018 - 19:17 | Português | |
Prosas/Drama | Os ninguéns (Eduardo Galeano) | 0 | 10.370 | 12/31/2017 - 19:09 | Português | |
Poesia/Dedicado | Passagem de ano (Carlos Drummond de Andrade) | 0 | 7.673 | 12/31/2017 - 18:59 | Português | |
Prosas/Contos | Um conto de dor e neve (AjAraujo) | 0 | 13.376 | 12/20/2016 - 11:42 | Português | |
Prosas/Contos | Conto de Natal (Rubem Braga) | 0 | 11.019 | 12/20/2016 - 11:28 | Português | |
Prosas/Contos | A mensagem na garrafa - conto de Natal (AjAraujo) | 0 | 14.440 | 12/04/2016 - 13:46 | Português | |
Poesia/Intervenção | Educar não é... castigar (AjAraujo) | 0 | 7.406 | 07/08/2016 - 00:54 | Português | |
Poesia/Intervenção | Dois Anjos (Gabriela Mistral) | 0 | 8.737 | 08/04/2015 - 23:50 | Português | |
Poesia/Dedicado | Fonte (Gabriela Mistral) | 0 | 6.755 | 08/04/2015 - 22:58 | Português | |
Poesia/Meditação | O Hino Cotidiano (Gabriela Mistral) | 0 | 7.329 | 08/04/2015 - 22:52 | Português | |
Poesia/Pensamentos | As portas não são obstáculos, mas diferentes passagens (Içami Tiba) | 0 | 10.021 | 08/02/2015 - 23:48 | Português | |
Poesia/Dedicado | Pétalas sobre o ataúde - a história de Pâmela (microconto) | 0 | 12.032 | 03/30/2015 - 11:56 | Português | |
Poesia/Dedicado | Ode para a rendição de uma infância perdida | 0 | 9.241 | 03/30/2015 - 11:45 | Português | |
Poesia/Tristeza | Entre luzes e penumbras | 0 | 6.849 | 03/30/2015 - 11:39 | Português | |
Poesia/Tristeza | No desfiladeiro | 1 | 9.514 | 07/26/2014 - 00:09 | Português | |
Poesia/Intervenção | Sinais da história | 0 | 6.894 | 07/17/2014 - 00:54 | Português | |
Poesia/Fantasia | E você ainda acha pouco? | 0 | 7.066 | 07/17/2014 - 00:51 | Português | |
Poesia/Aforismo | Descanso eterno | 2 | 8.325 | 07/03/2014 - 22:28 | Português | |
Poesia/Intervenção | Paisagem (Charles Baudelaire) | 0 | 7.788 | 07/03/2014 - 03:16 | Português | |
Poesia/Meditação | Elevação (Charles Baudelaire) | 0 | 9.962 | 07/03/2014 - 03:05 | Português |
Add comment