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DESEQUILIBRADAMENTE SÓ
Não me queiras sem música.
Sem aquele olhar lançado à tarde.
Não me queiras triste.
Abortado dos sonhos.
Sem sentido.
Sem janela por onde remar o meu grito.
Não me queiras mau.
Zangado com o tempo a odiar-te.
Desequilibradamente só.
Não me queiras morto.
Sem lugar em ti.
Joga ter-me,
não me deixes de fora do teu jogo.
Saca da manga o mérito só teu de te amar.
Torna-me gigante,
prisioneiro da liberdade,
usa-me como pente da tua vaidade.
Convida-me para dançar nas tuas sombras.
Mostra-me a verdade fria da tristeza que sentes.
Põe em cima da mesa do meu coração a faca que te mata.
Não te ausentes
quando eu não estou no meu fogo em ti.
Não me queiras apagado.
Sepultado em não.
Pára de mandar embora.
Não deixes que a carne seja um cancro entre nós.
Não me queiras a não querer-te.
Não me tires cacos da alma à toa,
sem me perguntar se esse meu pedaço de canoa
é para deitar ao lixo da má sorte ou reciclar a morte.
Não me queiras sem acreditar ter-me.
Não gosto que atravesses o deserto sem mim.
.
.
.
.
.
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Comentários
Traços marcantes
Vossos traços que são só seus,
No uso e abuso,
Das figuras de linguagens,
Sonetos em prosopopéias,
Versos em hipérboles,
Poemas em metáforas,
Este é nosso grande poeta,
Este é nosso querido Henrique!
Este é o nosso amigo!
Beijos