CONCURSOS:

Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia?  Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.

 

Deus Ex-Machina, “Anima Vili” ...

Deus Ex-Machina

O que passou está pensado segundo um acto de procrastinação, nem sei quantas vezes eu penso que nada sei, não tenho passado, nem vêm a mim, senão expressões vazias de alucinado, as quais reparto ambiguamente comigo mesmo por enquanto e eu próprio me encanto se me ligam e à minha alma com as flores secas e sem a fé dum cavado duro chão, indiferentes também elas, tal a estranheza da minha escrita em pobres letras, quantas vezes ausentes de nobreza, quantas vezes incoerentes.
Estou cansado de ter desejos, a minha cura será uma viciada infanta, abatida entre duas luas cheias, acima da linha de cintura, culpo-me do desejo que é tê-lo ou talvez não, tal como a uma rainha dói, dividida entre o céu e a sorte que a partiu em dois na memória, eu nunca soube quem ela foi, nem me decido em que sombra ela agora está…
Quantas vezes eu peço tornar-me de repente sóbrio, quanto a luz do dia ao sol da meia tarde e a vida real, uma janela aberta, com passagem para o presente e não papel manchado, num canteiro devoto, esquinas sem arte, contempladas à distancia, numa revolta sem batalha, impotente tanto quanto flores sem bainha, nem chão nem rainha, mesmo de “faz-de-conta”, que invoquem o sol pondo-se numa taça, ao divino que não se manifesta sob um azul de céu manso…
Eu hei-de um dia descobrir o que digo quando escrevo, meus olhos nasceram em greve, meu entendimento é breve e leve, quanto um cometa inédito, segue e some, some e segue, assoma-me a loucura quando escrevo, assola-me o que digo e quando o faço, assemelho-me a um louco, sendo ele, eu próprio noutro…noutros longos mundos.
Cresce mais alto em mim o que digo do que o que penso, o coração faz peso pra um lado, embora procure o equilíbrio do perfeito, desabo na sátira de mim próprio, será a poética o caminho certo, estando eu do lado errado ou estando certo, do lado oposto a cada estado de alma que, estéril, eu protagonizo, – digo apontando para o outro lado do espaço pra esses longos mundos – e penso, qual a função do mecanismo de Deus, que é o sentirmos-nos dele viúvos e se a fúria do sonho provém da alma.

“Anima Vili”

«O adjectivo é a tinta que esmalta a frase, é o colorido que lhe imprime tonalidade. Tanto que a excessiva adjectivação torna o estilo berrante, pejado, à guisa de tela em que a derrama e copiosidade de tintas acaba por empastar o motivo. (…)»

* Carlos Góes -Filósofo

Exagero nas berrantes adjectivações, igual a um colorido Confúcio, quase me crescem paulatinamente da boca o verde e na mente amarelo-laranja, na tentativa pura, derradeira, louca e boçal, de colar algo magnífico e orgânico como plasticina com pasta de dentes e nas palavras que não pegam, nem se agregam, quer seja por conceito mágico ou preconceito antropológico biológico, físico, moral ou estético, claudicando mesmo nas mesquinhas e ancestrais crenças religiosas e da sinceridade sincera, nas manifestações de insustentabilidade da realidade monogâmica, apesar destas serem colaterais, por motivo de intratabilidade significativa e genética da arte, gera-se uma discórdia entre dois polos, o princípio do coeficiente imponderável no peso dos pensamentos, versus o valor argumentativo do significante real e físico e a percepção parceira dele, assim é a nossa escrita poética, se nos maravilha e cria um túnel de luz, numa evidente trajectória iluminativa lúcida, súbita e estonteante, logo vêm contrastantes, berrantes, os cínicos passear lentamente investidos de critérios pouco relojoeiros e sofistas, os quais vêm, têm na nossa perfeita imperfeição a razão fractal da suas sublimes e cientes existências curvadas, ao sentirem numa dor de dentes um valor rítmico, sintomático e inestimável patético ou artístico fora do plano equatorial terrestre e antropozoico.
Quando é o oposto e o contrário,como agora, que me abandonou a inspiração criativa e um poço/túnel vertical é escavado na parede perpendicular e no escuro do material mineral mais rochoso e negro, cor do azedume ou num paiol, onde murcham os afectos como organismos mortos, sem visão, condenados à extinção, como espectros sem missão e manifestações lamentáveis da nossa incurável, animalesca “anima vili” no Ateneu eucarístico e xeno-comercial dos delegados estéticos estóicos, da infeliz praça lúdica, conspurcam-nos efectivamente como meros organismos simbólicos, simbióticos e sem grau, numa escala progressiva decrescente, desevolucionista e catatónica por eles incestuosamente contaminada e esterilizada da semântica poética, vital e ancestral …
Pairam dualidades sobre nós, quer sejam num futurismo de Atenas, na eterna folha de laudia prata ou então no receio do martelo dórico de ferro gordo e a dor do nó Gregório, no falso palanque ou no estrado de madeira podre, baço como uma cidade de fuga, bastante difusa, perseguidora e persistente, castrante e aberrante, segundo a figura indelével no mapa de Plometeu-o Grande, de Alexandria .
A arte não tem sexo definido nem sufixo, nem podem ser um estorvo, as palavras terminadas em “eu existo” e insisto pois de nada serve senão no sonhar de um apático, sendo o ser humano, de uns metros quadrados curtos e apenas ou uma caixa redonda, vazia, sem enredo dentro, nem fósforos secos que acendam um húmido rastilho, ou outras “cenas” crípticas …

Joel Matos 10/2019
Http://joel-matos.blogspot.com

Berrante

Submited by

quarta-feira, janeiro 8, 2020 - 09:44

Poesia :

Your rating: None (1 vote)

Joel

imagem de Joel
Offline
Título: Membro
Última vez online: há 5 semanas 5 dias
Membro desde: 12/20/2009
Conteúdos:
Pontos: 42009

Comentários

imagem de Joel

Obrigado pela leitura e pelos momentos que partilho

Obrigado pela leitura e pelos momentos que partilho

Add comment

Se logue para poder enviar comentários

other contents of Joel

Tópico Título Respostas Views Last Postícone de ordenação Língua
Ministério da Poesia/Geral Medi-mo-nos em braças e em nós… 10 1.670 03/21/2018 - 12:17 Português
Ministério da Poesia/Geral Calmo 10 1.177 03/21/2018 - 12:16 Português
Ministério da Poesia/Geral No fundo. 10 647 03/21/2018 - 12:14 Português
Ministério da Poesia/Geral Se por pouco tempo voltasse a ser novo 10 2.349 03/21/2018 - 12:14 Português
Ministério da Poesia/Geral Sou um homem complicado… 10 1.619 03/21/2018 - 12:12 Português
Ministério da Poesia/Geral Quando calha… 10 1.815 03/21/2018 - 12:11 Português
Poesia/Geral Cansei. 10 2.067 03/21/2018 - 12:08 Português
Ministério da Poesia/Geral Amo porqu’amo… 10 495 03/21/2018 - 12:06 Português
Ministério da Poesia/Geral Filhos do não 10 1.196 03/21/2018 - 12:04 Português
Ministério da Poesia/Geral Tão livre quanto prisioneiro… 10 1.570 03/21/2018 - 12:01 Português
Ministério da Poesia/Geral Tenho S’critos… 10 1.545 03/21/2018 - 11:46 Português
Poesia/Geral Tod’a poesia acaba em silêncio 10 5.457 03/21/2018 - 11:45 Português
Ministério da Poesia/Geral Fujo… 10 2.488 03/21/2018 - 11:43 Português
Poesia/Geral Nego que seja Arte 10 2.688 03/21/2018 - 11:41 Português
Ministério da Poesia/Geral Ralhos… 10 893 03/21/2018 - 11:39 Português
Ministério da Poesia/Geral Príncipe… eu… 10 1.308 03/21/2018 - 11:35 Português
Ministério da Poesia/Aforismo voz do silencio 10 4.257 03/21/2018 - 11:33 Português
Poesia/Geral Gardénias 10 2.396 03/21/2018 - 11:30 Português
Ministério da Poesia/Geral O dia em que… 11 1.749 03/21/2018 - 11:25 Português
Ministério da Poesia/Geral O sonho que se opôs… 10 1.804 03/21/2018 - 11:24 Português
Ministério da Poesia/Geral Ave… 10 2.766 03/21/2018 - 11:22 Português
Ministério da Poesia/Geral Que há, pra’lém do sonhar meu… 10 925 03/21/2018 - 11:21 Português
Ministério da Poesia/Geral Sou de tod’o tamanho 10 2.310 03/21/2018 - 11:19 Português
Ministério da Poesia/Geral falta de definição ... 10 1.031 03/21/2018 - 11:13 Português
Ministério da Poesia/Geral Não sei se sei, se não…. 10 2.094 03/21/2018 - 11:11 Português