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ESQUECIDOS
Esquecidos
Eu faço parte das vozes esquecidas,
Que no tempo ficam sempre perdidas,
Mas eu ouço a minha voz e fico contente,
Não sou mudo, falo pela minha mente.
Posso gritar para a mais alta montanha,
E porque pertenço ao sopé nunca chegarei lá em cima,
A montanha nunca ouve os meus queixumes,
Fica longe de mim, nem sente os meus azedumes.
Da minha voz podem sair palavras de aflição,
Nunca chegam à montanha, ficam sempre no chão,
A montanha ouve-me mas finge não ouvir,
Se finge que não as ouve também não as pode sentir.
Vou falando a vida inteira sozinho, a voz é fraca,
Por isso tenho sempre apontada a mim uma espada,
Que me ameaça se falar alto demais,
E se fico calado, com as migalhas como os pardais.
Se a minha voz se juntar a muitas outras é forte,
Muitas juntas já têm peso e algum suporte,
Já a montanha pode levar a minha voz a sério,
Depois de ouvir muitas palavras de impropério.
Por isso mesmo é que a união faz a força,
E assim, já é mais difícil que a montanha a torça,
Tem medo de ser demolida pela força da razão,
E a voz da montanha já pode chegar ao chão.
Fortaleza, 4 de Novembro de 2011-Estêvão
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