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A filósofa morreu...

Num dia,
Rotineiro, normal, banal
Disseste-me, com o teu ar
Pequeno, franzino e sorrindo:
- Suicidei-me.
E eu vi-te!

“Cabe-nos com tristeza,
Informar,
Que a filósofa, morreu”.

E eu que adoro as letras,
Em que me enlaço e abraço
Neste pensamento constante
De querer escrever e ler...

E foi com elas que te viraste
E disseste: suicidei-me!
Eu não queria mais ler!
Eu não queria crer.

Sem voz, com a alma,
Perguntei: - como morreste?
Porque morreste?
Filósofa entre as filósofas,
Respondeste:
O que move o teu querer saber?
- não sei... não sei...
Mas porque quiseste morrer?

Brincando com as letras,
Filosofaste:
Nem tudo tem que ter
Uma razão...
E se quiseres saber,
Procura com o coração...

E eu procurei, perdida
Na imensidão das ideias.
Juro que procurei...
Era por mim, eu sei...
Precisava de saber,
De entender e perceber,
A loucura no teu acto,
de morrer...
Perguntei, na confusão
Da multidão:
Porque morreu a filósofa?
Porque morreu o ser
Que está entre a terra e
O céu?
Eu sei que estarás com Sócrates,
Aristóteles ou Platão discutindo,
Quem sabe, a razão da tua acção,
Se é que existe razão...

Mas eu não sei!!! Não entendo!
Sou só uma simples mortal,
Que se encontra no poema!
Não quero crer! Não quero ler!
Eras mais nova do que eu!
Porque optaste morrer?
Não vês que eu não sou filósofa?
Tenho que ter sempre uma causa
Antes de uma consequência!

E como tua discípula,
Encontrei...
Desculpa, falhei!
Não procurei com o coração.
Procurei sim, com a razão.

Alguém me disse:
Foi por amor... por desgosto de amor,
Que naquela manhã o
Trânsito parou.
A cidade assustada acordou.
Jazias, caída,
no fundo da calçada...

- Suicidei-me. Disseste tu!
E eu, eu,
continuo calada
Porque a filósofa morreu...

...à minha professora da faculdade , que por amor, ou ,por desgosto de amor se suicidou. As suas aulas eram, únicas...a sua humildade nas palavras eram liçoes de vida para mim...a sua partilha de vida nos intervalos eram momentos encantadores de filosofia...por instantes sentia-me no universo dos filósofos...obrigada.

Submited by

sexta-feira, outubro 9, 2009 - 12:38

Poesia :

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anadeornelas

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Comentários

imagem de RuiLima

Re: A filósofa morreu...

Dizem que a emoção é inimiga da razão, essa ignóbil coisa que nos distingue dos outros animais, que nos atormenta e nos dá prazer.
Consegues ter um texto descrevendo uma emoção, sentimento de perda, e ao mesmo tempo com trechos extremamente racionais.
MAis um teu "EU" brilhante.

imagem de CleberPaschoal

Re: A filósofa morreu...

"E como tua discípula,
Encontrei...
Desculpa, falhei!
Não procurei com o coração.
Procurei sim, com a razão.

Alguém me disse:
Foi por amor... por desgosto de amor,
Que naquela manhã o
Trânsito parou.
A cidade assustada acordou.
Jazias, caída,
no fundo da calçada..."

Parabéns, maravilhoso texto, muito profundo e envolvente. Um forte abraço!

imagem de anadeornelas

Re: A filósofa morreu...

Cleber,

É um prazer receber um elogio de quem eu gosto e admiro muito o que escreve...

1 beijo e um bem haja por ter gostado...

imagem de Conchinha

Re: A filósofa morreu...

Feliz estará ela com as tuas belas palavras.

Adorei o poema.

Permite-me apenas que discorde: A morte, penso eu, deve ser olhada de frente.

É quando temos a plena visão da nossa morte que encontramos a vida plena.

Recomendo, sobre este tema, " O livro tibetano da vida e da morte".

bjs

imagem de anadeornelas

Re: A filósofa morreu...

Conchinha,

Que prazer saber que gostou e me leu, caro Ministro da poesia de 2009 :-)
Quanto ao seu pensar de que "a morte deve ser olhada de frente" talvez eu tenha passado a impressão errada, porque lhe garanto que concordo consigo inteiramente...e em troca da sua recomendação devolvo-lhe outra que é na mesma linha deste nosso pensar," a morte deve ser olhada de frente, para nos podermos permitir viver a vida" leia Irvin D. Yalom, psiquiatra, "olhos fixos no sol" vai ver que está inteiramente na linha deste mesmo pensamento...vou seguir o seu conselho...obrigada

1 beijo
ana

imagem de Mefistus

Re: A filósofa morreu...

anadeornelas:
Creio, e,bora não viva obcecado com isso, que certas pessoas que giram em nossa roda, no momento em que partem deixam sempre um pouco delas.
Seja afecto ou carinho, e como diria o poeta, só Deus tem os que mais ama.
Elas vivem em nós, depois de tudo terem deixado, e mesmo sendo avós, esse ensinamento, as vezes passa num lamento para netos. E o ciclo continua!

Mas eu não sei!!! Não entendo!
Sou só uma simples mortal,
Que se encontra no poema!

Todos mortais, até um dia imortais

um beijo de sentimento e força

imagem de anadeornelas

Re: A filósofa morreu...

Rogério,

Obrigada, poeta do norte, pelas palavras...
Irvin D. Yalom, psiquiatra diz no seu livro de "olhos fixos no sol" citando um outro autor:"Nem o sol nem a morte podem ser olhados de frente"

1 beijo bem vivo de afecto...

imagem de LilaMarques

Re: A filósofa morreu...

Anadeornelas,

Bela homenagem à sua professora. Realmente, um professor que deixa marcas tão positivas, uma verdadeira mestra, nos deixa também muita tristeza na hora em que se vai.

Um beijo.

imagem de anadeornelas

Re: A filósofa morreu...

Lila,

É isso mesmo...
Muito obrigada pelas suas palavras...continuo a acreditar que ela está discutindo filosofia no universo dos filosofos...

1 beijo para si também...

imagem de FlaviaAssaife

Re: A filósofa morreu...

anadeornelas,

"Nem tudo tem que ter
Uma razão...
E se quiseres saber,
Procura com o coração..."

Simplesmente fantástico! Amei...Vai para os favoritos!

Beijo

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