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GUITARRA DO FIM …
Sinto as pernas do pensamento cansadas,
trituradas por remoinhos de fadigas delirantes,
caminhos caminhantes pelas geringonças do relógio.
Sinto as mãos dos olhos
a escorarem-se quietas nos meus olhares,
vistas tantas quão as areias que vestem o fundo do mar.
São essas mãos do olhar
que habitam os calhaus cinzelados pelo tempo,
paus ardidos por entre o lume de uma maré interna.
É o olhar o gesto que me fala,
sentido que alberga vertigens qual ala eterna,
pé frágil que acena ao chão as sombras desta alma.
Sinto o coração afrouxar
os rufares do sangue das palavras,
a pensar ventos tremulantes nas rótulas da voz silente.
Pulsares cujo encalço são braços,
laços que abraçam urticantes as peles do infinito,
praia entregue às ilhas que o amor engendra perfilar.
Cortina escrita pelos hábitos da madrugada,
movimento a baloiçar-se obeso de tanto tanto nada,
coitos de facada por facada à facada de paixões sem rede.
Sinto o meu corpo abater-se em tesões,
conexões ao miolo dos ossos amortalhados em grossa dor,
débil traço desenhador de unhas sem leme na guitarra do fim.
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