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Há sempre alguém
Há sempre alguém que nos quer,
Não apenas quem pensa que, só porque pode, nos pode ter.
Há sempre alguém que se sabe irresistível,
De aparência bastante apetecível
E que, só por isso, tem quem quiser.
Mas nem sempre.
Há sempre alguém que nos quis ter, mas decidiu não querer.
Mulheres, sobretudo.
…porque os homens, esses, querem sempre tudo, não é?
(deve ser, deve...).
Há sempre alguém que tu quiseste ter,
Mas que não se te quis dar, não por não te desejar,
Mas porque pensou que tu nada sentisses…
Mas quando tu começas a desligar
É vê-la aos pulos a se mostrar, a ver se não desistes.
Vá-se lá entender esta gente…
Mas também há sempre alguém diferente,
Alguém que cativa, não por saber que pode ou apenas porque quer.
Há sempre alguém que, seja homem ou mulher,
Vale pelo que pode dar…
Mas isso por vezes requer um arriscar
Que não é mais do que o conhecer.
Há sempre alguém que nos quer ter,
E nem quer saber o que de facto somos,
E que no fim, apesar do corpo que temos, do decote que usamos ou do creme que pomos,
Não nos volta a querer de novo…
E soma-se mais um ou mais uma à lista.
E depois, como quem desfolha uma revista,
Volta-se à procura entre o povo.
Haja sempre alguém! E lindo, claro!…
Que isto de querer amparo, só do melhor!
Só o andar na rua com alguém que deixa todos babando-se em redor
Já é de si, meio orgasmo…
(e já valeu pelo entusiasmo,
Se a pila depois não ficar dura, ou as mamas cairem, tirado o sutiâ):
“Bolas, afinal a gaja já foi mamã e eu que pensava que tinha dezoito…”
“Que desilusão, tão grande embalagem para tão pequeno biscoito”.
O que vale é que há sempre alguém.
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