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LADRÕES, OS TEUS OLHOS
Ladrões, os teus olhos
arrombaram-me o olhar e furtaram-me a voz.
Quanto resta dizer-me é chamar-te.
Levaram todo o meu ver, levaram tudo do meu ser.
Daquilo que era,
fiquei vazio. Pejado de esperanças novas.
Dentro mim, restam os passos do teu olhar.
Peugadas que fugiram
com os meus milhões de escuro,
deixando-me apenas ficar com tostões de luz.
Claridades suficientes
para que me revoltasse contra mim.
Libertei-me em motim das visões que me cegavam.
Descobri o dia,
incendiei-me em fantasia,
transformei a poesia no teu corpo.
Depois que teus olhos
me assaltaram, pus trancas
à porta da alma para que só entrem coisas belas.
Teus olhos foram intrusos que me vasculharam
convidados pelo meu ouro interior.
Não foram alheios ao cofre do meu ser,
tinham a noção de como este encontro seria lucrativo.
Pelos vestígios
que eles me deixaram na retina,
quero que eles me roubem todas as noites.
Que me levem
todas as minhas tristezas,
todos os meus medos e incertezas.
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Poesia :
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