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Lusco-Fusco
Cedida ao tempo
Seus olhos raiados de sangue
Espelham o crepúsculo
Que melancolicamente
Atiçam as memórias de um dia horripilante
A mente vagueia num rodopio desalinhado
Embatendo em cada migalha de tristeza
Que compôs as horas, os minutos e os segundos
De um infindável tormento
As suas lágrimas brotam da alma tocada
Enxugadas nos punhos da sua leve camisa
Repudiando os gritos de dor
Encarcerados no peito caído
Cada feixe de ardor que toca o rosto vencido
Numa suave incandescência de espectros coloridos
Exorciza as suas chagas
Lesadas pelos quadros que o entardecer pinta
Seus olhos sombrios
Serenam no resplendor do momento
Que na sua reminiscência sempre a ampararam
Quando lacrimeja enlaçada na sua companhia
No último vislumbre de rubor
Retratado nos seus longos cabelos partidos do vento
Um suspiro agonizante ecoa no horizonte agora escurecido
Quando na sua fraqueza ela se levanta
Abandonada pelo conforto do lusco-fusco.
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Poesia :
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Comentários
Re: Lusco-Fusco
Mais um excelente poema que encontro no WAF! :-)
Re: Lusco-Fusco
Lindo, gostei é triste, e tu és um misterioso poeta, que se desnuda a cada poesia, vejo aqui também um certo ar de polêmica.
Parabens.
Re: Lusco-Fusco P/jopeman
Uma série de imagens e sensações...
Destaco:
"A mente vagueia num rodopio desalinhado
Embatendo em cada migalha de tristeza
Que compôs as horas, os minutos e os segundos
De um infindável tormento"
Sublime!
Abraço