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Lusco-Fusco

Cedida ao tempo
Seus olhos raiados de sangue
Espelham o crepúsculo
Que melancolicamente
Atiçam as memórias de um dia horripilante

A mente vagueia num rodopio desalinhado
Embatendo em cada migalha de tristeza
Que compôs as horas, os minutos e os segundos
De um infindável tormento

As suas lágrimas brotam da alma tocada
Enxugadas nos punhos da sua leve camisa
Repudiando os gritos de dor
Encarcerados no peito caído

Cada feixe de ardor que toca o rosto vencido
Numa suave incandescência de espectros coloridos
Exorciza as suas chagas
Lesadas pelos quadros que o entardecer pinta

Seus olhos sombrios
Serenam no resplendor do momento
Que na sua reminiscência sempre a ampararam
Quando lacrimeja enlaçada na sua companhia

No último vislumbre de rubor
Retratado nos seus longos cabelos partidos do vento
Um suspiro agonizante ecoa no horizonte agora escurecido
Quando na sua fraqueza ela se levanta
Abandonada pelo conforto do lusco-fusco.

Submited by

quinta-feira, março 19, 2009 - 22:36

Poesia :

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jopeman

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Comentários

imagem de Henrique

Re: Lusco-Fusco

Mais um excelente poema que encontro no WAF! :-)

imagem de marialds

Re: Lusco-Fusco

Lindo, gostei é triste, e tu és um misterioso poeta, que se desnuda a cada poesia, vejo aqui também um certo ar de polêmica.
Parabens.

imagem de Anonymous

Re: Lusco-Fusco P/jopeman

Uma série de imagens e sensações...

Destaco:

"A mente vagueia num rodopio desalinhado
Embatendo em cada migalha de tristeza
Que compôs as horas, os minutos e os segundos
De um infindável tormento"

Sublime!

Abraço

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