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MEIA-NOITE INTEIRA …
Poema onde a madrugada é meia-noite inteira.
Entardecer deserto onde a alma
é uma fogueira envenenada por tintos de insónia.
Fogo absinto,
incendiado por tudo quanto sinto ausente.
Saudade assente em ira.
Mentira circunstanciada ao acaso.
Pedaço de chuva.
Pergaminho de queixumes
sem azo de preencher os lumes do tempo.
Cárcere de candeias cúmplices da escuridão.
Horas são alçapões que se abrem aos pés da noite.
Parte-se o peso do corpo
numa neuro viga retorcida em pranto.
Dor que me espessa e cega o ar.
Adeus que me afoga os pulmões em pó.
Ponto mergulhado longe.
Distâncias distribuídas pelos pertos das mãos
caídas em arrebatados brancos.
Ânsias sem pão na fome do peito.
O silêncio como última palavra
a mover-me os lábios da voz.
Foz inundada de nada.
Ponte que se verte em lágrimas
sobre as margens de um rio de chamas.
Cascata de gritos derramados sobre a pele das sombras.
Beijos perdidos como se fossem lascas no cascalho do pensamento.
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