MINHA INFÂNCIA

I
Sou do sertão do meu Pernambuco,
Nasci na cidade de Serra Talhada;
Passei a infância na Rua São Pedro,
Oh! Que saudades da Terra amada!

II
Lembro-me ainda, atrás da janela,
Meus pais me fitavam com alegria;
E eu muito alegre brincava, sorria,
Corria nas calçadas, subia, descia.

III
No tempo das chuvas, saia de casa,
Fazia barquinhos de folha de papel;
E com os amigos nas poças de água,
Gritávamos olhando a chuva no céu.

IV
Brincava de Pião e de Bola de Gude,
Fazia animais com o barro molhado;
Soltava Pipas com papéis coloridos,
Eu era feliz, que mundo abençoado!

V
Jogava futebol na rua empoeirada,
Descalço e apenas vestindo calção;
E quando passava um Doido na rua,
Fugia desesperado, era uma aflição.

VI
Gostava, também, de ir prá escola,
Estudava demais e gostava de ler;
Hoje eu sinto o quanto isso é bom,
Estudo e leitura é fonte de saber.

VII
Recordo muito bem quando meu Pai,
Saia com os meus Tios para pescar;
Traziam grandes peixes brilhantes,
Surubim, Traíra, Corró e Curimatá.

VIII
E Quando eu adoecia, a minha mãe,
À noite trazia remédios para mim;
Tosse, febre, resfriado e as dores,
Chá de cidreira, erva-doce, alecrim.

IX
Porém de repente a tristeza chegou,
E toda a minha vida se transformou;
Quando eu perdi minha Mãe querida,
Morreu jovem, e foi triste a partida.

X
E três anos após, faleceu o meu Pai,
A tristeza voltou, era jovem demais;
Assim minha alma ficou em pedaços,
Foi muito cruel, não esqueço jamais.

XI
Então fui viver com uma Tia querida,
Que com zelo e amor de mim cuidou;
Mais a dor que tive da perda dos pais,
Foi profunda demais e não cicatrizou.

XII
Alguns jovens de hoje, não dão valor,
Aos pais que possuem, não têm amor;
Não sabe o quanto eles representam,
Só quando morrem e sentem essa dor.