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CRÔNICA: " A FILOSOFIA DO TETÉU"

          Essa Crônica retrata a década de 70, uma década inesquecível para nós que a vivenciamos, e hoje com grande nostalgia podemos ter orgulho de ter vivido esses anos de ouro na nossa querida Serra Talhada. Foi baseado nesse período que eu e meu grande amigo, Eugênio Godoy (Denha de Gilberto Godoy), criamos a “Filosofia do Tetéu”. Um “Tetéu”, seria um jovem típico da nossa cidade que participasse de tudo, em se tratando de filosofia de vida urbana de acordo com aquela época. A alusão ao “Tetéu” tratava-se de um pássaro com esse nome, que possui hábitos noturnos. Mas vamos à “Filosofia do Tetéu”. Um “Tetéu” verdadeiro, antes de tudo, tinha que tomar sorvete na sorveteria de “Seu Arnaldo”, comprar roupas nas lojas de “Jarim Carvalho” ou “Gilberto Godoy” e freqüentar todo domingo à noite o cinema: na época tínhamos duas opções: O Cine Arte de Dona “Zefinha Gomes” ou o Cine Plaza de “Seu Lourinho”, esse último morador da nossa querida “Rua do Correio”. Quem ia decidir prá onde o “Tetéu” ia em termos de cinema era a película. Se fosse filme de “Gladiador”, “Faroeste” (Django, Ringo ou Sartana) ou do saudoso “Mazzaropi”, era “Casa Cheia”. “Tetéu “que se prezasse em termos de moda tinha que vestir calça “Boca de Sino” (costurada pelo costureiro “Luis”, o mais famoso da cidade na época), calças "Jeans” - de preferência desbotada - podia ser uma “Lee” ou “Tremendão” e calçar sapatos “Cavalo de Aço”. Em matéria de perfume o “Tetéu” tinha que andar cheirando a “Rastro”, e os mais abastados podiam comprar um frasco de “Denim”. Música, somente dos “Beatles”, “Renato e Seus Blue Caps”, “The Fevers”, “Roberto Carlos”, “Os Incríveis”, “Márcio Greyk” e todas que fizessem parte da “Jovem Guarda”. Para um “Tetéu” que morasse na “Rua do Correio”, ainda havia a vantagem de ouvir à noite nas calçadas, o violonista “Antonio Mocinha”, ou, durante o dia, na varanda da Chácara de “Dona Estela”, ouvir “Jó” e “Nêgo Ciço” tocando as lindas canções de “Fagner”, “Roberto Carlos” e “Belchior”. Na festa de Setembro, o “Tetéu” durante o dia ia passear nos parques, e à noite tomar uma cervejinha gelada nas barracas de madeira roliça cobertas com palhas de coqueiro. Para não dar ressaca, antes de beber, era tomar um comprimido de “Metiocolim B12” e um frasquinho de plástico de “Epocler”, comprados na Farmácia de “Seu Olímpio”. Mais tarde, festa no CIST, e no final da noite o “Tetéu” podia passar na lanchonete de “Pancho” e saborear um gostoso “Hamburger” com “Catchup” e “Maionese”. Todo “Tetéu” que morasse na “Rua do Correio”, não podia esquecer de passar, de vez em quando, no beco, onde tinha a venda de seu “Elias”, e tomar uma gostosa “Garrafinha” gelada - a melhor era de morango. Ou comer um doce: “Colchão de Noiva” ou “Mariola”. Amizade era coisa sagrada para um “Tetéu”, por isso eu nunca esquecia de procurar “Ninho”, “Nequinho de Fia”, “Bartinha”, “Denha”, “Paulinho de Afonso Novais”, “Antonio Galinha”, “João Berilo”, “Anselmo de Pedro Ferraz”, “Natalino”, “Antonio Mocinha” e outros. Pois havia o amigo “Tetéu” e o colega “Tetéu”, pois amigos são diferentes de colegas. Uma coisa difícil para um “Tetéu”, naquela época, era arranjar uma namorada – com exceção do “Don Juan Nequinho de Fia”, pois para ele mulheres não faltavam -, pois naquele tempo a moralidade era mais exigente, de forma que muito “Tetéu” andava prá cima e prá baixo, descendo e subindo a calçada da Praça da Igreja de Nossa Senhora da Penha, ás vezes sem conseguir nem uma “Paquerinha”. Aí o "Tetéu” sentava num banco da Praça com os amigos e ia chupar um litro de “Umbu” ou “Seriguela”, vendidos por mulheres em bacias de plástico ou alumínio ao longo da Praça. Como era bonita e sagrada a era do “Tetéu”. Hoje não existe mais isso, nem jamais haverá. Atualmente, o que presenciamos nas pequenas cidades do interior é droga, violência, egoísmo, traição, injustiças, e o pior: Assassinatos de jovens em plena juventude. É triste fazer comentários sobre tais fatos. É triste, também, saber que deixaremos de existir, convivendo ainda com esse quadro. Mas de todas essas tristezas, a mais triste é sabermos que nunca mais poderemos voltar a ser um “Tetéu” novamente.


 

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segunda-feira, março 28, 2011 - 03:18

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JANILSON BARROS DO AMARAL

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