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NADA É PRECISO
Nada é preciso
Não é preciso chamar o nada, ele aparece,
De nós certamente ele nunca se esquece,
Quando perdemos a vontade de nada fazer,
Esperando que o tempo nos faça morrer.
O nada entra em nós com a nossa fraqueza,
Basta deixar cair os braços na certeza,
Que o tempo nos vai levar mais cedo,
Pois já nada temos nem sequer o medo.
Tudo acaba quando a vontade se perde,
Tudo em nós secou já nada é verde,
Perdemos a esperança que nos faz viver,
Esperamos que tudo nos possa acontecer.
Quando a voz já não sai da nossa boca,
Certamente a nossa memória está louca,
Já não a ouvimos ela dizer-nos nada,
Embora vivos a vida está acabada.
Estamos sempre a tempo de o sacudir,
Para bem longe, de onde nunca mais possa vir,
Basta chamar a vontade e a esperança,
Dar que fazer ao corpo e a vontade avança.
Basta deixar sair a nossa voz para ser ouvida,
Desde que a esperança não esteja perdida,
A vontade de viver ainda pode regressar,
Com todas as nossas forças para voltar a amar.
O valor que temos somos mós que o fazemos,
Não são os outros que nos dizem o que valemos,
Basta nunca deixar cair os nossos braços,
Para nunca cairmos aos pedaços.
O nada representa nada nem a vida nem a sorte,
Apenas representa a certeza da morte,
Antes do tempo começar a delapidar,
O corpo da vida que nos faz andar.
Tavira, 16 de Maio de 2011 - Estêvão
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