NAUSEABUNDO ADEUS

Porque me mataste
e continuas a querer domar o meu corpo?

Não me queiras,
já estou morto, já nem tenho corpo.

Porque me tentas tocar
dessa distância que a tua traição moldou
em mim em formas de homem abstracto?

Não tentes,
estou demasiado longe da tua esterilidade.

Porque me falas se o silêncio
é o caixão onde me sepultaste os olhos?

Não fales,
os meus olhos cegaram com o teu frio.

Porque me sorris
depois de me atirares a pedra que me matou?

Não penses que ressuscitarei à tua hipocrisia.

Porque me olhas se foste cega
quando ainda te via na penumbra das tuas ausências?

Parte,
mas não me vomites
com nauseabundo adeus.