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NECROMANCIAS

Impostura de pernas para o ar.

Imperfeições como membro perfeito
de um mundo de quotidianos em soma insone.
Realidades paralelas como cúmulo acumulado em escárnio.

Volume insípido, sombra descarrilada
de um riacho de convulsões químicas a doar vida.

Galdéria corrente de ossos insofridos 
que calam as vozes das águas com sede de as domar
na raiz quadrada de um poema em círculo pela enseada da noite.

Abrigo árido como tecido de tamanhos impensáveis
numa fonte de males encadernados nos olhos.
Viveiro de datas apinhadas em fraude.

Embriões desmatriculados do tempo.
Aquartelamento como engenharia provisória
a emperrar as dobradiças da porta do calendário.

Distâncias passantes, diques impalpáveis.
Passados pesados sobre a alçada de corpos pensantes.
Romances desarticulados dos esconderijos dos mortos.

Necromancias de pó em queixa
pelo chão dos abraços que aceleram o adeus.

Céus quebrados em caos onde o azul é uma folha
de nervura em pedra rendida às sodomizações dos ventos.

Lágrima sem rasto,
barco de casco em fumo de proa arregalada ao deserto.
Palavras remexidas pela mão dos mares congelados numa vírgula.

Lugar de rombos ocultos num suspiro como currículo desigual
na hierarquia das cicatrizes que indemnizam o rasgo dos lábios.

Indecorosa máquina de validades incertas,
veleidades soletradas em agonia.

Degraus desesperados,
vãos ásperos de velocidades despossuídas de luz.
Almas de vaidade à venda numa loja de penhores do inferno.

 

 

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quinta-feira, janeiro 26, 2012 - 20:44

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Henrique

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