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Noite


Cai a noite sem fim, manto negro estrelado
sem pressa, o que despreza, lugar inócuo e gelado
A sombra por traz da morte, se faz viva na terra escura, e os olhos, o que veem?
Além de trevas sangrentas, tempestades violentas, pesadelos pesados, e como seguir adiante?
Cegar o céu sem fim? Buscando as estrelas brilhantes? E como seguir? Se o fardo acusa a corcunda dos imperfeitos.
Vem noite, sopra o vento mais frio, escurece e gela o que já se foi, e se nada restou, escurece ainda mais, sem pressa, o que despreza, sem luz, o que não produz, sereneis lentamente, vagueis pelas encruzilhadas, vigia com teus olhos noturnos, a madrugada.
Segue noite, a escuridão, com patas de um cavalo flamejante, de um fogo azul constante.
Corre noite, com as folhas mortas no chão, galopando junto ao vento, eleva-as ao crepúsculo
Segue o brilho sem brilho, segue o instinto indomável, carrega em tua ânsia, a alma dos desolados, vai noite, segue o azul-marinho, ofusca com teus olhos negros, os diamantes cravejados, de um céu estrelado, porem incompleto, e quem sabe tu possas, completar a escuridão?
Vem noite negra, rasga o tempo sem pressa, alimenta os famintos, sugere tuas fases aos desacordados, que clamam por escuridão com os olhos encharcados, venha desejar, assim que o sol se por, após beijar o mar, venha noite, fazer o coração despertar, sem pressa de se apressar, sem olhos para ver, sem boca para falar, traga consigo o silêncio absoluto, faz da terra teu luto, faça suspender o ar noturno, involuntariamente, jogue no abismo, os corações doentes
Seja noite escura, como asas de um anjo negro, rasgando os céus como uma espada furiosa
Aço, pedra e fogo, consola a alma dos inquietos
Noite de infinito azul, transcende o âmbar dos corpos nus, rasteje entre as entranhas de toda a carne quente e trêmula, lance seus anzóis além da escuridão, faça cegar a vista sem perder a razão
Queime noite negra, a alma dos vigilantes, sonhadores constantes, impregnados de paixão
Sejas tu noite, a flecha lançada pelo arco, antes de ires embora, faz do sol, sombra, ofuscando a aurora, semeia com teus tentáculos, em terra branda, o grito de outrora
Vai noite, alucina os alucinados, destila teu veneno no sangue dos coitados, seja mortal para quem não se importa, julgue os culpados, faz esperar, quem tem pressa, apaga a luz dos iluminados
Mergulhe noite, como uma suave chuva, que corta as ruas como laminas de gelo, alimentando os anfíbios, congelando os casulos dos enfermos
Titubeia noite, vasculhando cada canto, saboreando as perversas notas, mostra a linguagem noturna para as almas mortas, ensina-os a sonhar, sem dormir
Cante noite, a canção proibida no ouvido dos surdos, faça cantar os mudos, e os cegos, faça-os dançar no teu chão, a dança das luas
Visite noite, as almas atormentadas, castigadas pela solidão, estenda a eles, tua mão, caia sobre o tempo como uma cortina aveludada, com teus cenários sombrios e tuas mascarás encantadas
Suspire noite, uma suave neblina, suspendendo no ar um aroma cítrico, embalando em teu berço os amantes, enamorados pela tua aérea negra
Rasteje noite, onde a luz se torna remanescente, deixe cair tuas estrelas cadentes, como lágrimas luminosas, beijando teu rosto carente
Veja noite, o olhar febril dos indigentes, que nas ruas perambulam, embriagados, tristes sonhos despedaçados, monólogos inacabados, dá a eles a esperança, de serem adotados
Corre noite, entre as arvores e os arbustos, refrigera a alma dos lobos, alimenta o vampiros, desperte a consciência dos loucos, seja noite, o fio na navalha dos culpados, corta-lhes a cara, mostre a verdade além do céu estrelado, seja noite preta, mas não te calas perante os malvados
Faça noite, adormecer os demônios, vista teu cavaleiro prateado, com armas de ouro e manto sagrado, faça despertar os alecrins, faça lacrimejar os telhados
Vai noite, alimenta o dragão faminto, segue escurecendo, crescendo, além do infinito.....

Sandro Kretus

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terça-feira, junho 19, 2012 - 17:54

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