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O AMOR MORDE O SILÊNCIO …
Na insónia do infinito os sonhos dormem
para não acordarem a madrugada.
O entorpecimento ancora-se nas mãos
vertendo as sinas como lamas inquietas.
Os pertos são separados por distâncias incertas,
o escuro pinta a noite de pintas luzentes.
O sono chama o corpo,
a mentira atira-se à alma.
Por entre as estrelas
putrefaz-se a carne da realidade,
a vaidade remedeia-se de areias movediças.
Das nuvens as sombras trazem relâmpagos ávidos
de toar as trevas de trovas frias.
A chuva cai de pedra sobre os pés das poesias.
No mar,
palavras desertas são céus de solidão,
os olhos são janelas abertas à escuridão.
O eclipse doma os medos,
as lágrimas abrigam os segredos.
O grito
é último vento sobre as poeiras
que embaçam o pólen das fogueiras.
A voz edifica-se
numa sede fóssil nos braços do tempo.
O amor morde o silêncio,
a vida é extinta pela imaginação.
O beijo amarga sem o fogo
que alimenta os infernos da paixão.
O sol imola-se nos gelos da saudade,
o pensamento explode num exame de vespas.
.
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.
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