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OLHA-ME SEM LÁGRIMAS


Abre-te para mim
como uma flor se abre para o sol.

Beija-me como um poema se aviva na imaginação.

Sê a minha palavra mais comprida,
soletrada pela sonorização do tempo que nos acompanha.

Olha-me sem lágrimas,
sente-me sem ausência. Sem espera.

Deixa que o mundo nasça na nossa boca,
que as nossas línguas sejam um alfabeto inteiro.

Vamos ser a ordem das manhãs.
Ser o caos de volúpias apaixonadas.

Fossilizar a saudade em cada olhar.

Dar aos nossos corpos
a geografia do infinito em cada acordar.
Ser sol e lua em cada deitar no jardim do nosso leito.

Sorrir como patos bravos
a sobrevoar a eternidade das nossas almas.

Vê-me sem cegueiras,
como céu limpo toca a calma do mar.
Escuta-me sem silêncios. Bebe-me sem gelo.

Teima o meu nome sem medos.
Seremos fogos acesos a percorrer a paisagem.

Que o amor seja
o momento dos nossos lábios.
O amar o instante completo de tudo.

Que a tristeza seja nada.

Sejas tu o vento
a pairar os umbrais do meu peito,
o ar com que minhas mãos desenhem a cor da alegria.

Nossas vozes falaram a noite em letras livres.

Vamo-nos fazer de nós para sermos feitos de amor.

 

 

 


 

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quarta-feira, setembro 21, 2011 - 00:30

Poesia :

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Henrique

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