Os S�dos da Rua Grande

Pensei eu,
Que deixar-me-ia encantar pela majestática ênfase desta rua...

Pensei eu
E Pensariam talvez os meus camaradas,
Os companheiros do jogo das sete pedras.
Se não fosse esta ruim agora verdade,
Que é feita de monstros de betão,
De choupanas de uma oculta solidão,
De criaturas áticas por fora,
Corrompidas interiormente,
De maquinismos luxuosos
Modernamente enfeitados e contaminadores,
De pequenos hortos que já não o são
E deste fedor que não sei explicar,
Poderia eu...
Talvez...
Argumentar o fascínio que tinha pelos sábados desta rua,
Ou Talvez...
Improvisar um diferente artigo indefinido
Que revela-se claramente aquela loucura,
Tão bem quanto eu a sentia...
Pensei eu...
Decididamente...
Que tudo isto fosse mentira
Mentira em que eu acreditava!
E desejava relembrar aqueles sábados,
Preenche-los de exclamações!

Nunca pensei eu,
De todo...
Que a rua grande se tinha ido.
Que este hodierno sábado estivesse escondido
E me apunhalasse com interrogações,
Me silenciasse as interjeições
Que eu queria fazer explodir,
Ao reaver aquela rua...
A rua da minha memória...

Pensei eu,
Ao entrar no resistente edifício,
Que sentiria o essência a bolo de maçapão.
Mas já nem há a velha corajosa do mais antigo ofício,
Nem miúdos que correm, brincam e se escondem felizes no
vão!

Penso eu,
Penso demasiadamente inocente
E não quero crer no que enxergo...

Oh! Vejam isto!
Vejam aquilo!
Já não há nada que não seja nada para mim.
Para o regalo dos meus olhos!

Que mundo este que se transforma,
Que gente esta que se desleixa no tempo,
Que indevida destruição dos detalhes da minha felicidade!

Vou-me daqui embora.
Vou em demanda dos caminhos do meu pensamento.
Procuro um outro lugar,
Aquele lugar...
Puro...
Sereno...
Congénito à minha fortuna...
Um lugar que em nada mude,
Que não se mova na marcha da idade.
E que perfeito fique para que possa eu vociferar:
Esta é a minha rua!
A rua grande da minha cidade