A revolta dos artistas

A Revolta dos Artistas

Era uma névoa de angústia em dias de rebelião,
Como uma mancha de lágrimas numa tela vazia...
Era uma delicada jornada perto da insurreição.~

Por um homem não ser de ferro e a arte lhe cair bem,
Era cruel ser apontado como um bichano de ladeira...
Era hórrido o pensamento de não pertencer a ninguém.

Silêncio... era tudo o que se ouvia de uma enorme revolução.
Uma guitarra encostada como que extenuada de uma batalha!
Opressão... era a ordem que reinava e se continha numa explosão.

De mãos atadas surpreendia o manifesto quase que selvagem.
Rodeavam a fonte maga, corpos semi-despidos, trajes estéreis...
Enquanto o tempo caminhava a esperança era uma miragem.

Calaram um violino em teias de ódio e carácter sumptuoso...
Escanhoaram a cauda ao piano escondido numa alcova vazia...
Ceifaram as correntes da arpa, emudeceram o toque portentoso

Viam-se tinteiros espalhados, uns secos, outros derramados.
Só o vento virava as páginas do livro que ninguém escrevia!
Zoava este pelo rasgão arrastando o medo de senhores desarmados.

Caiu o pano de rompante no palanque da ambição.
Permaneceram na vão gelado as mascaras de ousadia...
Sussurravam as cadeiras reclusas o porquê de tanta solidão...