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PÁSSAROS DE VOOS QUE INVENTO …

À beira mar se abeira o meu olhar.

Mais inerte do que passivo,
afogado em nada.

Pensativo.

Fora do meu lugar no meio das vertigens.

Dentro dos nevoeiros do silêncio.

O meu ir… vai sem mim
nos barcos de pedra que domino.

Onde o meu sentir se expõe sem sentir.

Buraco onde sem fim me sente o pensamento.

O vento diz-me uma bela peça de museu,
varre-me o sorriso com beijos do céu,
derrete-me em azuis e ondas.

Abrigo nas sombras da noite o pó das estrelas
que dão voz ao universo.

Infinidades… onde de avesso em avesso aconteço.

Entrego-me num verso
de multidões ao tempo timoneiro,
tinteiro que me apaga as mãos na escuridão.

Razão que me apega o tecto do corpo ao chão
de uma vida solta.

Ponteiro que me aponta à volta de uma hora perdida.

Fogueira ardida,
ida que me aparafusa ao grito,

que me cruza os pés aos passos que me fogem.

Agarro-me a pássaros de voos que invento.

Véus que tento destapar da cara.

Rumo contra paredes de palavras,

como se Eu fosse um reflexo de frágil vidro.

Esbanjo-me pelo ar,

como se a minha alma fosse
uma garrafa a beber vazia toda a solidão do mundo.

.
.
.
.

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sexta-feira, outubro 12, 2012 - 20:10

Poesia :

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Henrique

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