Pérfido Sentimento

De que importa se tu prefere folhas-mortas?
Se esconde-me a verdade,
Em meio a contravoltas?

Se tiraste-me do seu embaraçoso acalento?…
E fizera-me adormecer a vida...
Não me importo!
(Digo em tom barulhento)

Não me importo de nunca mais,
Sentir um beijo ardente,
De sentir-me abstinente,
De um abraço envolvente,
E poder enfim sonhar…

Mas que culpa tenho eu,
Se teu coração leteu,
Não traduz certas palavras?

Pois não há, por fim do intento,
Algo pérfido nesse seu sentimento?
E não é melhor, assim sendo,
Permanecer no escuro nevoento?

E assim, fogem-me as palavras!
Que em palmas alvíssaras,
De um sonho acabado,
Dão as boas vindas,
Ao silêncio arrevesado…