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PANCA …
Trago dentro de mim o mundo
do meu dentro só.
Abandonei-o sem asas,
caído sobre um chão de casas.
Telhados revolvidos ao avesso
onde esqueço a carne.
Enlouqueço.
O tempo sai-me pela boca.
As horas escrevem-se como chuva miudinha
pelos tecidos passados da minha cara.
Delírio que viaja ao céu
e aterra em panca.
Defeito cuja língua caça o meu fora
qual sapo cace um insecto.
Alma rumo ao incerto.
As mãos secam-me
como flores impossíveis no seio do deserto.
Gritos como lágrimas de um choro
quebrado em dois.
Rasgos que me olham com olhos
que por entre as fissuras das palavras me encontram.
Olhos que desmontam
o silêncio.
Olhos cujo reflexo reconheço numa vírgula
desfrequente.
Momentos vergados à pressa.
Multidões de qualquer coisa
encorpam-me o gesto dos pensamentos.
.
.
.
.
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Poesia :
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