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PAPEL TONTO …
Rasga-te papel surrento,
intermitente…
Arde às mãos do fogo quanto grito,
quanto de mim escrevo escravo,
quanto de mim morre ao largo desse mar,
pomar de sombras endurecidas longe.
Papel d´água.
Desmurcha o princípio da noite,
devolve o branco aos brancos do meu olhar,
esconde em ti as lágrimas
de uma vida toda tarde.
Papel tonto
pelo relógio das entrelinhas.
Traz-te traste,
engasga-te em falsos silêncios,
que te parta o vento em dois lugares.
Papel já sem pele às garras da insónia.
Sejas cerimónia incorpórea,
caos raso no colapso das palavras.
Pecado sentado em cadeira de cinza,
elásticas mentiras
até que drásticas escuridões sejam as piras
de um papel turvo.
.
.
.
.
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