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Poemeto de consolação
Poemeto de consolação
Sei que amanha não tocarei mais os teus doces lábios
As ruas se tornaram tão calmas e teu olhar profundo
E que é na busca do teu encontro que me perco
Sobre a existência de meras farsas existenciais.
Sei que não te traí naquela clara noite de verão
Faltaram becos escuros e havia suspiros marginais
Dos misteriosos gatunos da rua sessenta e seis
A espreitar os saqueadores das despensas.
Não consegui ler Goethe nem faltei para com a música wagneriana
Os jornais acordaram mortos defronte a minha porta
Envolvido pela gosma fétida dos bons políticos
Que preferiram a causa própria aos valores da nação.
Queria falar da tua necessidade enquanto minha
Mas vejo que o que sobrou não cabe nestas folhas rotas
Que a tinta de minha pena vibra a colorir
A preferida solidão dos píncaros a tua necessidade.
Faltou o teu negro nome e teu olhar tão casto
Pelo menos a mim, poeta menor e suicida
Que preferiu a morte a tua presença amiga
Fiel deusa do imprevisível e do indeterminado.
Não cantarei a tua pureza, pois ela não existe
Não cantarei tua virtude, pois ela esteve ausente
Cantarei o teu medo ao verdadeiro matrimônio
E tua repentina razão ao anticristo.
Não mais te darei rosas nem cartas de amor
As rosas feneceram cedo demais e as cartas sangraram
Não houve assassinato, apenas um corpo
A se distinguir em um jardim suspenso.
Fica apenas a ausência do teu beijo
Sobre este pensamento andarilho
Que se desnorteou do caminho
Do cemitério da saudade.
Falta à inscrição na lápide, falta meu nome
A sangrar em plena sexta-feira gorda
E a ouvir grunhidos de solidão.
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Comentários
Re: Poemeto de consolação
Não mais te darei rosas nem cartas de amor
As rosas feneceram cedo demais e as cartas sangraram
Não houve assassinato, apenas um corpo
A se distinguir em um jardim suspenso.
Bom poema!!!
:-)