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POR ENTRE AS MARGENS DA NOITE …
Empedro-me de escolha e sorte,
comprometo-me existir.
Muro o olhar com verdade,
sem medo da morte.
Cerco-me de palavras vadias,
choros e lágrimas tardias.
Palavras que se multiplicam
em dizeres de amor.
Locuções de sentires e dor.
Fantasias zombies,
vazios que deambulam
pelas entrelinhas da realidade.
Sensações
como insectos presos
numa teia de corpos e beijos
à espera que a tentação os funda ao fôlego.
Silêncios incinerados por fogo e gelo.
Razões descosidas
por trôpegos roços entre pensar e ser.
Muralhas de saber da idade pedra a pedra.
Expludo acontecer de chão em chão.
Dato o tempo lágrima a lágrima.
Movimento-me pelos instantes de cada momento.
Mato-me de vida sonho a sonho.
Percorro-me de lés a lés da cabeça aos pés.
Falidas fés me acodem.
Saro-me em feridas cujas cicatrizes
são as raízes da minha inércia.
Cicatrizes
cujos desenhos são rabiscos de saudade,
pesares de adeus que sufocam o fulgor da alma.
Vontades sem leme,
sorrisos sem remos à deriva
por entre as margens da noite num rio de insónias.
Solidões que desaguam nos escuros da loucura.
.
.
.
.
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