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A PRIMEIRA CARTA

Escrita logo no primeiro dia,
No dia da chegada,
Escrita com tintas de muitas cores;
Tintas de saudades,
Fala de muitas coisas
E até das dificuldades
Dos contornos da viagem,
Das fúrias do mar,
Do impacto da chegada,
Do primeiro instante
Diante do desconhecido.

A primeira carta é linda,
Escrita com tintas de coração!

Cartas de esperança
Seladas pela paixão
Que volta a insistir
Nas juras de amor.

Reafirma a vontade de vencer
E o desejo de voltar
Mal acontecer a chegada.

O desejo
Manifestado na partida
Que não queria partir,
Ficando,
Mas tendo que sair.

Curioso
O desejo de voltar
Logo na primeira hora,
Depois de anos de luta
Para fugir da seca de vida,
Marcada pela seca do tempo
Que chove
A água que não cai.

Chove a tristeza,
A angústia
Que influencia
O cheiro da terra.

O cheiro da vida,
Um misto de esperança e contrariedades
Que se mistura
Com a ilusão mesclada na resignação
Que não renuncia,
Nem demite,
Nem abdica,
Sofre
E luta
Para vencer.

A vida
Tem de tudo um pouco,
Um pouco de tudo
E um bocado de nada.

Em cada tudo
Um pedaço de nada,
Em cada nada
Um bocado de tudo
Que envolve
A primeira carta,
Que mistura
A confusão
Com o choro
Da saudade.

A primeira carta é engraçada:
Três folhas escritas
De ambos os lados,
Folhas brancas
Preenchidas com o vazio
Daquele que passa o primeiro dia
Numa terra que antes era apenas uma miragem,
Uma imaginação,
Uma luz na mente
Que brilha com o sonho.

Na terra longe,
Tudo está longe,
Longe de tudo,
Dos amigos e dos familiares,
Longe do amor,
Paixão distante
Perto do nada,
Do mar
Da partida.

A primeira carta deve ser guardada,
Uma recordação muito importante
Que marca
O começo e o fim
De algo ou de coisa alguma,
Embebida no nada
Que molha a vida seca,
Árida como o ponto de partida.

Carta de coração,
Decorada
Com aquelas primeiras letras,
Que traçam as bonitas palavras,
Que procuram desenhar
O pulsar do coração
Que aperta o peito
Na tentativa de espremer a saudade
Para se libertar da dor,

Carta que leva as “mantenhas”
Para aqueles que ficaram
A remar na maré seca.

Tristes palavras,
Choros e desabafos
Procuram reconfortar
Do desespero
Do seco
Vazio.

O nada
Que invade o coração
Dos homens livres
Obrigados a abandonar a sua terra
Para continuar a sonhar,
Lá longe
Dos mais queridos
Para vencer
Desde o primeiro dia.

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quarta-feira, outubro 14, 2009 - 17:55

Poesia :

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Silvino

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Comentários

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Re: A PRIMEIRA CARTA

O nada
Que invade o coração
Dos homens livres
Obrigados a abandonar a sua terra
Para continuar a sonhar,
Lá longe
Dos mais queridos
Para vencer
Desde o primeiro dia.

realmente, é a realidade de muitos. Sim, tão linda carte deve mesmo ser guardada.

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Re: A PRIMEIRA CARTA

Muito obrigada, Gisa. É verdade. A realidade de muita gente se encaixa nessa carta. Nessa altura em que o mundo abriu um pouco mais as suas portas, a saudade permanece adormecida na distância que a partida acarreta.
Bjs

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